Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

SETEMBRO AMARELO

Palestrante aborda prevenção ao suicídio sob ótica da felicidade

por ANA LUÍZA ANACHE

segunda-feira, 23 de setembro de 2019, 07h56

“Costumo refletir muito sobre a minha vida e, a partir de hoje, vou refletir ainda mais”, afirmou Celi Maria de Souza, servidora da Ouvidoria do Ministério Público de Mato Grosso, após assistir a palestra A Vontade de Ser Feliz – A Vida é a Melhor Escolha, na tarde desta sexta-feira (20), no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça. “Me emocionou muito, achei a palestra maravilhosa, de riqueza profunda. Precisamos de mais   eventos nesse sentido, que estimulem nossa reflexão e contribuam para nos humanizarmos. Em contrapartida, as pessoas precisam estar mais abertas. Afinal, teoria e conhecimento são importantes, desde que colocados em prática”, acrescentou. 

A servidora contou que passou por muitas provações ao longo de sua trajetória até  descobrir a importância do “ser”. Ela se identificou com os ensinamentos do psicólogo Afro Stefanini II, convidado pela equipe do programa Vida Plena – MPMT pensando em você para o evento que compõe uma das ações da campanha “Setembro Amarelo”. O palestrante argumentou que saber o porquê alguém decide tirar a própria vida é uma questão muito complexa e se propôs a abordar o motivo de uma pessoa manter a própria vida todos os dias. Uma abordagem diferenciada sobre o suicídio, sob o ponto de vista da busca pela felicidade. 

De acordo com Afro Stefanini II a resposta está no “ser” e não no “ter”, no “estar” ou mesmo no “fazer”. “Muitos são os estudos acerca da solidão, da depressão, daquilo que o ser humano hoje não está dando conta de responder a si mesmo sobre o significado da vida. Mas nós já estamos também vivendo uma era de descoberta significativa sobre o que faz bem ao homem. Notadamente, pesquisas na área da psicologia positiva e da logoterapia trazem um sentido para a existência. A foma de viver com bem-estar é fundamental. Desistir não faz bem para saúde. Superemos os desafios, isso aciona em nós mecanismos emocionais e mentais de felicidade”, argumentou, destacando que o suicídio não é uma escolha e sim um estado geral de desespero. 

A subprocuradora-geral de Justiça Administrativa, Eunice Helena Rodrigues de Barros, enfatizou que a ideia da palestra foi justamente abordar a questão da vida e não da morte. “O Setembro Amarelo nos dá a oportunidade de estarmos aqui, para falarmos uns com os outros, nos vermos e nos escutarmos. Porque o que mais acontece conosco e, às vezes, contribui para a depressão, é o isolamento. Esse é o momento para repensarmos nossas atitudes e termos um olhar para nós mesmos”, disse ao dar as boas-vindas à plateia. 

Estatísticas - Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), em todo o mundo, uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, número que supera o de mortes por malária ou câncer de mama, guerra ou homicídio. No Brasil, 32 pessoas se suicidam diariamente. Além disso,  especialistas estimam que o total de tentativas supere o de suicídios em pelo menos dez vezes.  

Diante de estatísticas alarmantes, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, defende que “suicídios são evitáveis”. Nove em cada 10 mortes por suicídio podem ser evitadas. A prevenção é fundamental para reverter essa situação, garantindo ajuda e atenção adequadas. De acordo com a organização não-governamental Centro de Valorização da Vida (CVV), a primeira medida preventiva é a educação. “É preciso perder o medo de se falar sobre o assunto. O caminho é quebrar tabus e compartilhar informações. Esclarecer, conscientizar, estimular o diálogo e abrir espaço para campanhas contribuem para tirar o assunto da invisibilidade e, assim, mudar essa realidade”, defende a ONG. 

Origem - O Setembro Amarelo começou nos Estados Unidos, quando o jovem Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio, em 1994. Mike era um rapaz muito habilidoso e restaurou um Mustang 68, pintando-o de amarelo. Por conta disso, ficou conhecido como "Mustang Mike". Seus pais e amigos não perceberam que o jovem tinha sérios problemas psicológicos e não conseguiram evitar sua morte.

No dia do velório, foi feita uma cesta com muitos cartões decorados com fitas amarelas. Dentro deles tinha a mensagem "Se você precisar, peça ajuda.". A iniciativa foi o estopim para um movimento importante de prevenção ao suicídio, pois os cartões chegaram realmente às mãos de pessoas que precisavam de apoio.

No Brasil, o Setembro Amarelo foi instituído em 2015 pelo CVV em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), com a proposta de associar a cor amarela ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio - 10 de setembro.
 

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