MPE diz que Rabello abusa da credulidade
sábado, 29 de março de 2008, 00h00
PROPAGANDA EXTEMPORÂNEA
Na representação, o promotor de Justiça classifica Walter Rabello de “deputado-apresentador-cantor-ator”
Promotor de Justiça, João Gadelha, reforçou a representação com vasto material retirado do programa diário do deputado-apresentador
JULIANA SCARDUA
Diário de Cuiabá
O Ministério Público Eleitoral (MPE) protocolou representação por propaganda extemporânea contra o deputado estadual e apresentador Walter Rabello (PP), pré-candidato à Prefeitura de Cuiabá, e a TV Cidade Verde. A investida procura vetar a prática de doações e a exibição de matérias de cunho político no programa. Caso a ação seja acatada, a emissora poderá ter a programação suspensa por 24h a cada transgressão.
Ambos também estarão sujeitos a multa de 20 mil UFIRs. A peça foi protocolada junto à 1ª Zona Eleitoral da Capital, acompanhada de uma coletânea de DVDs com gravações do programa exibido diariamente na emissora, ancorado por Rabello, junto com a descrição de todo o conteúdo exibido desde o dia 3 de março. Na data, Rabello foi notificado por promotores eleitorais da Capital, com a recomendação de que a programação fosse alterada, sob pena de uma investida mais severa do Ministério Público.
No dia seguinte à representação, Rabello teceu ao vivo duras críticas à atuação do MPE. Na mesma edição foi exibida mais uma doação a famílias carentes, num claro sinal de ‘afronta’ ao alerta feito ao deputado. A representação é assinada pelo promotor eleitoral João Gadelha.
Em pedido de liminar incluso na ação, o MPE pede a imediata suspensão de quadros de viés assistencialista. A doação de alimentos e itens como material de construção é comum no programa do apresentador. Outro impedimento é o de veiculação de reportagens ou comentários de conotação político-eleitoral. A amarra inclui matérias e falas de Rabello contendo críticas a adversários na sucessão municipal ou cujo conteúdo, mesmo de forma indireta, ‘macule’ a atuação dos concorrentes à prefeitura da Capital.
O MPE sustenta que o cumprimento aos impedimentos da propaganda extemporânea assegura a condição de igualdade no processo sucessório. O promotor João Gadelha dispara duras críticas a Rabello no decorrer da peça. Ele sustenta que o parlamentar, ao apresentar o programa, constrói sua imagem eleitoral “abusando da credulidade das pessoas das camadas sociais de baixa renda e
pouca escolaridade”. Conforme grifa o promotor, o “deputado-apresentador-cantor-ator” procura seduzir eleitores por meio do programa de TV sob a ‘máscara’ do altruísmo.
Em outro trecho, ele destaca a seguinte sentença: “Com efeito, como num passe de mágica, se esforça ao máximo para assumir a condição de candidato de plantão a qualquer mandato eletivo que apareça pela frente, havendo, todavia, uma inusitada preferência pelos cargos que manejam 'gordas' verbas públicas”. O representante do MPE também rechaça qualquer argumentação de Rabello contrária à ação. Assim como o deputado, a emissora de televisão é ‘enquadrada’ pelo MPE por ser o vetor da maciça exaltação de Rabello como candidato na Capital.