Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

Jovens mantêm seus vícios na prisão

sábado, 05 de abril de 2008, 00h00

Promotor Marcos Machado diz estar assustado com o número de jovens envolvidos com o tráfico e propõe mudanças urgentes 

 
Aumenta o número de jovens envolvidos com tráfico de drogas, principalmente a pasta base
 

Andréia Fontes
A Gazeta
05/4/08

Raine Santos da Silva, 19 anos, entrou para as estatísticas do crime. Ele é mais um acusado de tráfico de drogas com idade entre 18 e 25 anos, faixa etária que representa 60% dos acusados. O índice de jovens envolvido com drogas alarma até mesmo os promotores e juízes que lidam com estes delitos. Além disso, Raine também aparece em outra lista, a dos acusados que afirmam fazer uso de drogas, diariamente, dentro da Penitenciária Pascoal Ramos. Ele é o 20º.

O promotor da 9ª Vara Criminal de Cuiabá, Marcos Machado, afirma que o tráfico está empregando a juventude "como um todo". Quando um dos "contratados" é fichado, ele é "dispensado" e um outro entrará no seu lugar. "O recrutamento é algo impressionante".

Depois de 14 anos no MP, Machado afirma que está "surpreso" e que em algumas audiências chega a achar que foi um engano. "Tem hora que acho que é adolescente e tem hora que acho que houve até equívoco na prisão", como aconteceu no caso de Raine.

O jovem é usuário de drogas desde os 14 anos. Com 19 anos, no entanto, aparenta ser muito mais novo. A quantidade de drogas que diz usar diariamente é grande, cerca de 20 gramas de pasta base, e dentro do presídio diz comprar entorpecente e sempre que tem dinheiro, que é levado pela mãe durante as visitas, adquire.

Durante a audiência, Raine afirmou que só não tinha fumado naquele dia porque sabia que iria ao Fórum. Ele foi preso com 40 cabecinhas de pasta base.

Marcos Machado destaca que no tráfico urbano, o chamado "formiguinha" devido ser pequenas quantidades, o perfil é do traficante-usuário. Ou seja, além de traficar, a pessoa também é viciada ou usuária.

Depois de chegar a estudar uma ação civil pública para entrar contra o Estado, devido a desativação da Delegacia de Entorpecentes, o que faria no último mês, Machado espera que o novo secretário de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Diógenes Curado, reative a delegacia.

Outro lado - O superintendente do Sistema Prisional, tenente-coronel Ribeiro Leite, enfatizou ontem que "infelizmente" as drogas dentro de presídio é realidade em todo país, mas que as medidas para evitar a entrada estão sendo intensificadas. No ano passado, segundo ele, as revistas foram ampliadas em 40%. O coronel afirmou ainda que vai investigar a participação destas pessoas que trabalham dentro do presídio.
 

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