Ministério público denuncia cirurgião
quinta-feira, 24 de abril de 2008, 00h00
Promotor apontou mesmo crime que consta na conclusão do inquérito policial: homicídio culposo com aumento de pena por inobservância de regra técnica
Rosimere morreu em decorrência da perfuração da veia cava, enquanto era submetida a uma lipoaspiração
O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia contra o cirurgião plástico Samir Kehdi pela morte da gerente administrativa Rosimere Aprecida Soares, em dezembro do ano passado. Ela morreu enquanto era submetida à cirurgia de lipoaspiração na clínica do médico.
O responsável pela denúncia, promotor criminal Antônio Sérgio Piedade, apontou o mesmo crime evidenciado na conclusão do inquérito policial: homicídio culposo com aumento de pena por inobservância de regra técnica profissional, conforme o quarto parágrafo do artigo 121 do Código Penal Brasileiro.
Agora, o MPE deve indicar o promotor que será o legítimo representante de acusação no processo. Na denúncia, Piedade arrolou as mesmas testemunhas que foram ouvidas pela Polícia Civil como de acusação: a mãe de Rosimere, Suede Clemente Soares, o médico responsável pelo atendimento de emergência do Hospital Jardim Cuiabá, Rodolfo Edson Pimentel, o anestesista que acompanhava o procedimento cirúrgico, Clóvis Aratani, as duas enfermeiras que participavam da cirurgia - Nelsi Aparecida Ferri e Gonçalina Santana -, o técnico em enfermagem que fez o resgate, os peritos médicos-legistas Augusto Aurélio de Carvalho e Valdir Ribeiro.
Rosimere morreu enquanto fazia uma lipoaspiração na clínica de Kehdi, localizada na rua Cândido Mariano, em Cuiabá. A família suspeitou de erro médico e registrou boletim de ocorrência no Cisc Verdão. A necropsia da paciente apontou a causa da morte o choque hipovolêmico causado por perfuração da veia cava inferior, responsável por recolher o sangue dos membros inferiores. A gerente teve uma hemorragia.
Durante o inquérito policial, foram ouvidas testemunhas envolvidas no caso e chegou a se fazer a exumação do corpo de Rosimere, a pedido da defesa de Kehdi. O novo exame confirmou a causa da morte e ainda apontou a trajetória da perfuração.
Em depoimento, Kehdi considerou “remota” a chance da perfuração ter sido causada pela cânula usada na lipoaspiração em que a paciente era submetida. Ao final das investigações, um laudo pericial apontou que a clínica do cirurgião não disponibilizava, em sua totalidade, das condições necessárias para o funcionamento. Os peritos constataram falhas em equipamentos, incluindo o não-funcionamento automático do gerador e a emissão de gases dentro da clínica causada pela combustão do gerador. Agora, o caso aguarda recebimento e manifestação da Justiça.
DIÁRIO DE CUIABÁ