Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

GAZETA

Gaeco faz 4ª denúncia contraos membros de Mato Grosso

terça-feira, 05 de abril de 2016, 10h13

RAQUEL FERREIRA
DA REDAÇÃO

Mais 14 integrantes do Comando Vermelho de Mato Grosso foram denunciados pelo Ministério Público do Estado (MPE), por meio Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Esta é a quarta denúncia protocolada na Justiça nos últimos dois anos, elevando para 103 o número de envolvidos com a quadrilha que foram acusados formalmente. O bando é apontado como responsável pela prática de vários crimes patrimoniais, tráfico de drogas e homicídios.

Os líderes da quadrilha comandam o crime de dentro das unidades prisionais e contam com “soldados do crime” dentro e fora dos presídios, que tendem às demandas determinadas pelos líderes. A denúncia feita pelo Gaeco é baseada nas investigações realizadas pela Polícia Civil, que chegou a deflagrar as operações “Grená” e “Grená 2” para desarticular a organização criminosa. Ainda como parte das tentativas de desmobilizar o grupo criminoso, em fevereiro a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) transferiu sete presos para Penitenciárias Federais. Entre eles, estavam líderes da facção criminosa.

Na quarta ação do Gaeco foram denunciados por envolvimento com o CV/MT os investigados Luiz Fagner Gomes Santos, João Luiz Baranosk, Eduardo Juliano dos Santos Bravo, Edivaldo da Silva Bulhões, vulgo “Veião”, Wellington Pinto de Oliveira, Sidney Bittencurt, vulgo “Fuzil”, Rhuyter Perdigão Neris, Bruno Lima da Rocha, o “Bruninho”, Jhonatan Oliveira da Silva, Everton Augusto Soares dos Santos, Franthesco dos Santos, Márcio Roberto Neves Ribeiro, Janderson Vinicius Almeida da Cruz e Reginaldo Aparecido Moreira.

Além da acusação de formação de quadrilha armada, cada acusado responderá ainda pelo crime cometido a mando da quadrilha. Na denúncia, os promotores do Gaeco discriminam o envolvimento de cada um dos criminosos. O documento conta ainda com transcrições de interceptações elefônicas, como a gravação em que Edivaldo, um dos 13 conselheiros do CV, conversa com o líder Miro Arcangelo Gonçalves de Jesus, o “Gentil”, e Fabrício Domingos Ramos. Na teleconferência, Fabrício relata como matou o desafeto “Coringa”, cita outra vítima que precisa ser assassinada e combina a compra de novas armas.

Em outra ligação, “Veião” comenta com Paulo Cézar da Silva, o “Petróleo”, sobre o cumprimento da “missão” envolvendo a execução do detento José Ricardo Melo. A vítima foi assassinada a pauladas em novembro de 2015 dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE) “por ser considerado “matador de mulher”. Frisa-se que a execução foi sumariada pelo Conselho Final do CV/ MT do qual Petróleo faz parte, descreve trecho da denúncia. O Conselho Final é formado por líderes do Comando Vermelho que analisam a conduta de integrantes e desafetos com intuito de determinar qual punição devem ser submetidos.

Conhecido pelo apelido de “Fuzil”, Sidney é apontado como um dos conselheiros da quadrilha, participando ativamente nas decisões de execuções determinadas por membros da facção. Em uma das teleconferências interceptadas em 11 de novembro de 2015, a Polícia identificou que vários integrantes da facção comentavam sobre a determinação de execução contra Thaisa, Georgia e Juninho Loko. No dia seguinte, nova teleconferência entre vários integrantes do CV/MT, incluindo Rhuyter, aponta que Georgia, Thaisa Preta e Juninho Loko “foram “sumariados” pelo conselho final em razão da morte do “Douglinha do Tijucal”.

Segundo eles, ficaram responsáveis pela execução das mortes dos “sentenciados” o adolescente L.M.S. e o denunciado Rhuyter Perdigão Neris, aponta trecho da denúncia. As investigações demonstraram ainda que o denunciado Bruno Lima da Rocha, o “Bruninho”, é tido como o executor das vítimas sentenciadas. Em uma conversa com Miro, ele é repreendido por atentar contra a vida de quem ainda não foi “sumariado” e não cometer os homicídios determinados, a exemplo das vítimas sentenciadas Fidêncio, Renan e Xandi.

Bruninho ainda relata o envolvimento de terceiros com o latrocínio do advogado José Vieira da Silva Filho, que teve o veículo roubado e o corpo encontrado embaixo de uma ponte na avenida das Torres. A participação do denunciado Márcio Roberto com o CV fica claro nas conversas que tem com os integrantes, sendo inclusive responsável por arquitetar a execução de uma pessoa de nome Renan. Janderson também mantém contato frequente com os líderes e em uma das ocasiões conta para Gentil que Franthesco e a adolescente M. foram presos em sua casa, o deixando preocupado.

O chefe do bando o tranquiliza e avisa que a advogada da quadrilha tomará conta do caso. Franthesco é acusado de também ser escalado para matar a Thaisa Preta. Ele chegou a atirar contra a mulher, mas terminou atingindo outra pessoa. Os demais denunciados também tiveram o envolvimento confirmado, como João Luiz Baranosk, que compõe o grupo dos 13, e Luiz Fagner, atual tesoureiro do grupo. Jhonatan é responsável pela compra de armas, enquanto Everton Augusto atua como motorista dos criminosos.

Reginaldo também recebeu a missão de atuar na execução das vítimas “Coringa” e “Mc Professor”. Eduardo e Wellington têm participação menos importante dentro do grupo. No documento protocolado ontem na Justiça, o Gaeco frisa que alguns interlocutores não foram denunciados nesse processo por já serem alvos em outras ações da mesma natureza. Pontua ainda que deixou de oferecer denúncia em desfavor de outros sete suspeitos por falta de provas que comprovassem o envolvimento real com o CV/MT. Por fim, o Gaeco pede à Polícia Civil o compartilhamento das investigações acerca dos crimes identificados, como as várias mortes citadas na denúncia.

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