DIÁRIO DE CUIABÁ
Águas do Rio Guaporé contêm alto índice de mercúrio
segunda-feira, 18 de julho de 2016, 11h04
JOANICE DE DEUS
Da Reportagem
Pesquisa revela alto índice de mercúrio nas águas do Rio Guaporé, que abastece a população do município de Pontes e Lacerda (448 quilômetros, ao sudoeste de Cuiabá). A análise foi feita após solicitação do Ministério Público do Estado (MPE) após denúncia da pela empresa CAB, responsável pelo serviço de abastecimento na cidade, de que garimpeiros estariam utilizando o metal nas proximidades da captação de água.
A ação indiscriminada de garimpeiros de ouro na região pode ter resultado em grandes prejuízos ambientais e humanos. Segundo a Sema, o resultado da análise da água do Rio Guaporé foi realizada pelo laboratório de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) Evandro Chagas, no Pará, e constatou a presença de mercúrio na água distribuída à população da cidade.
Nas análises, foram encontradas 0,000515 miligrama/litro (mg/L) de mercúrio próximo à captação da Estação de Tratamento de Água (ETA) e mais 0,000515 mg/L nas localidades da ponte. Mas o limite estabelecido pela Resolução do Conama de n° 357 é de 0, 0002 mg/L, o que significa que a quantia de metal encontrado no rio está acima do valor permitido.
Conforme o coordenador de Monitoramento da Qualidade Ambiental da Sema, o químico Sérgio Batista Figueiredo, a primeira avaliação da qualidade da água foi realizada em novembro do ano passado, quando técnicos da Sema e da Secretaria de Estado de Saúde (SES) foram até o município e coletaram cinco amostras do líquido de diferentes trechos do rio.
“Diante do resultado, a equipe técnica da Sema vai aprofundar no diagnóstico, avaliar os impactos ambientais e interromper as atividades que ainda estiverem acontecendo de modo indevido na região, além de autuar os responsáveis pelas ações”, informou.
FISCALIZAÇÃO - Um garimpo ilegal em Pontes e Lacerda teve início em setembro de 2015 na Serra do Caldeirão, e que atraiu centenas de pessoas em uma corrida por pepitas de ouro. As escavações inadequadas, retirada da vegetação e o uso indevido de mercúrio poderão trazer danos irreversíveis ao local que foi interditado e fechado a pedido da Justiça Federal.
Diante dos danos, uma equipe de fiscais do órgão ambiental esteve no local em novembro do ano passado e aplicou multas de R$ 3,58 milhões em duas propriedades rurais onde estavam instalados os garimpos ilegais na Serra do Caldeirão, na Gleba Coronel Ari.
Na primeira delas, que recebeu auto de infração no valor de R$ 2,88 milhões, foram constatados aproximadamente 44 hectares com atividade de maior degradação ambiental, como poluição do solo e atividades não autorizadas e licenciadas. A segunda área, com cerca de 10 hectares, localizada na linha de divisão do relevo da serra, ficou nítido o avanço crescente e desordenado das atividades (invasões) e teve multa de R$ 700 mil. (Com Assessoria/Sema)