Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

DIÁRIO DE CUIABÁ

Delação de ex-presidente do Intermat revela novos detalhes

segunda-feira, 18 de julho de 2016, 11h07

Da Reportagem

Na delação premiada firmada com o Ministério Público Estadual (MPE) e já homologada pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Arruda, o ex-presidente do Intermat (Instituto de Terras de Mato Grosso), Afonso Dalberto, revelou mais detalhes de um esquema de desvio de dinheiro dos cofres públicos do Estado por meio de pagamentos fraudulentos destinados à desapropriação de terrenos que vigorou na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).

Por conta disso, documentos entregues poderão subsidiar novas fases da operação policial e envolver políticos e empresários que até o momento não são alvos das investigações. Uma das irregularidades reveladas aos promotores de Justiça e delegados do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) apontam pagamentos superfaturados, além de propina, referentes às áreas conhecidas atualmente como Jardim Renascer e Jardim Liberdade, em Cuiabá.

Outra fraude ocorreu na venda do terreno que abrigava a Escola Estadual José Magno, na Avenida Lava Pés, bairro Duque de Caxias, em Cuiabá. Afonso Dalberto revelou na delação premiada que a área do Jardim Liberdade foi vendida por aproximadamente R$ 30 milhões. Desta quantia, Dalberto confessou que recebeu R$ 600 mil de propina.

Na área do Jardim Renascer, vendida por R$ 12 milhões, também houve esquema, com pagamento de propina, mas nesta transação Afonso Dalberto assegura que não recebeu nada. Em relação à venda do terreno da escola José Magno, localizado em área nobre, próxima ao Goiabeiras Shopping, foi revelado que houve fraude na desapropriação para beneficiar a empresa FS Properties Empreendimentos, que adquiriu o imóvel em 2013, por R$ 590.341,94.

A área, de 3.770 m², foi vendida pelo Estado sem avaliação técnica, embora o mercado imobiliário a avalie em R$ 5 milhões por conta da localização privilegiada. A empresa teria alegado que usava o terreno como estacionamento, pediu a titulação da mesma e a obteve irregularmente, conforme dito na delação. Nesta transação fraudulenta, Afonso Dalberto recebeu R$ 50 mil. A venda do terreno foi anulada pela Justiça após uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Estadual (MPE).

Para ser beneficiado com extinção ou redução da pena no processo criminal no qual é réu, Afonso Dalberto se comprometeu a devolver R$ 1,430 milhão aos cofres públicos. Deste montante, R$ 1,140 milhão se refere à quantia recebida indevidamente enquanto exerceu a função pública. O restante se trata de multas civis. (RC)

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