GAZETA
Anistia não preocupa promotor
segunda-feira, 18 de julho de 2016, 11h33
DA REDAÇÃO
Uma das polêmicas sobre o projeto que visa à regulação e liberação dos jogos de azar no país é a anistia prevista a todos os acusados da prática de exploração ilegal dos jogos anterior à entrada em vigor da nova lei.
Apesar da polêmica e de apontar a possível aprovação da proposta como um retrocesso, o Promotor de Justiça de Mato Grosso, João Augusto Veras Gadelha, que atuou diretamente no processo de acusação de um dos líderes do jogo do bicho no Estado e também chefe do crime organizado, João Arcanjo Ribeiro, explica que o perdão judicial ao crime de contravenção em si não é o mais grave.
Para ele, caso o projeto seja aprovado, a lei irá facilitar ainda mais as práticas de crimes como tráfico, homicídios, pistolagem e outros relacionados ao crime organizado, o que não valeria os benefícios que são apontados pelos defensores da proposta.
“O perdão à prática exclusiva do jogo de azar não é tão grave, mas a questão é que a lei, na minha opinião, pode até contribuir para geração de mais empregos e impostos, mas isso não vale os problemas que poderemos ter com o crime organizado que pode até ganhar mais força e, com certeza, não deixará de existir”.
Conforme o promotor, quanto à alegação de que com a regularização dos jogos, o crime organizado e outros atrelados diminuiriam, não cabe. “Esse não é o melhor caminho”. Ele lembra ainda que o cenário que esse tipo de jogos traz já é bem conhecido em Mato Grosso e que a simples regularização não mudaria em nada as consequências.
“Nós tivemos aqui uma guerra. O crime organizado estendia seus tentáculos por meio dos caça-níqueis e do jogo do bicho. Isso não vai mudar com a legalização. Porque mudaria?”. (DV)