GAZETA
Gaeco prende Permínio
quinta-feira, 21 de julho de 2016, 10h39
GLÁUCIO NOGUEIRA
DA REDAÇÃO
Ex-secretário de Educação de Mato Grosso, Permínio Pinto Filho (PSDB) foi preso preventivamente por agentes do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco). Ele é apontado como líder da suposta organização criminosa que fraudou licitações de obras de construção e reformas em escolas do Estado.
A detenção, cumprida nesta quarta-feira (20), durante a segunda fase da Operação Rêmora, batizada de Locus Delicti - expressão em latim que significa local onde foi cometido o crime, foi decretada pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda.
Uma das principais provas que embasaram o pedido formulado pelos delegados e promotores do Gaeco, é a de que, ao contrário do que afirmou em depoimento prestado em maio, o ex-secretário visitou o empresário Giovani Guizardi, em uma sala comercial, localizada no bairro Santa Rosa, e usada pelo empreiteiro para realizar reuniões com donos de empresas e servidores públicos envolvidos com a fraude.
Por esta razão, a operação foi batizada com este nome. O registro, que consta também na decisão assinada pela juíza, mostra que Permínio esteve no prédio onde Guizardi mantinha a sala no dia 18 de agosto do ano passado. Ele permaneceu no imóvel das 13h08 às 14h35. Conforme o conjunto de provas e depoimentos colhidos pelos delegados e promotores, o encontro ocorreu semanas antes das renuões em que Guizardi loteou as obras que seriam realizadas pela Seduc.
Além disso, a prova contradiz o ex-secretário, que em depoimento prestado no Gaeco disse ter se encontrado com Guizardi apenas em duas ocasiões, na Secretaria, não mantendo nenhum tipo de relacionamento com ele. Para chegar a esta prova contra Permínio, o Gaeco obteve, após a deflagração da primeira fase da Rêmora, a localização da sala comercial, passada pelo engenheiro eletricista Edezio Ferreira da Silva, que revelou ter alugado a sala a pedido de Guizardi, que justificou a medida para poder ter reuniões “mais reservadas”.
Silva também havia contado ter visto no imvel os ex-servidores da Seduc Wander Luiz dos Reis e Fábio Frigeri, também participantes da fraude. Outro indício foi descoberto com o depoimento do empresário Luiz Fernando da Costa Rondon, que disse ter ouvido de Guizardi que Permínio sabia da ocorrência das fraudes e da cobrança de 3% a cada empreiteiro para que ocorresse a liberação do pagamento das medições de obras realizadas.
Ele afirmou ter procurado Permínio por diversas vezes depois de ter recebido a proposta de Guizardi, mas não conseguiu falar com o ex-secretário, que antes se mostrava bastante acessível. Para o Gaeco, a atuação da organização criminosa ocorria em camadas, exatamente para proteger o líder do esquema, no caso o exsecretário. Selma, ao decretar a prisão, destaca que as provas demonstram, de forma satisfatória, a liderança de Permínio.
“O acervo probatório trouxe à baila fundados indícios de que nenhum passo foi dado pelo grupo criminoso sem a aprovação e o comando de Permínio”, ressalta a magistrada. Em maio deste ano, durante a primeira etapa da investigação, foram cumpridos 39 mandados. Após a análise do material, o Gaeco denunciou 22 pessoas, entre servidores públicos e empresários, pelos crimes de constituição de organização criminosa, formação de cartel, corrupção passiva e fraude a licitação. A reportagem entrou em contato com representantes do governo e do PSDB, partido de Permínio, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.