GAZETA
Gaeco inicia fase de depoimentos
terça-feira, 26 de julho de 2016, 09h08
GLÁUCIO NOGUEIRA
DA REDAÇÃO
Os delegados e promotores do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) iniciaram as oitivas relacionadas à operação Locus Delicti, segunda etapa da Operação Rêmora, que apura fraudes em processos licitatórios de construção e reforma de escolas estaduais. Apontado como mentor do esquema, o ex-secretário Permínio Pinto Filho (PSDB) segue preso no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC).
Ele aguarda a apreciação de um habeas corpus, impetrado por seus advogados nesta segunda-feira (25), que será analisado na Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Entre os depoimentos prestados está o do empresário Esper Haddad Neto. Ele é sogro do empreiteiro Luiz Fernando da Costa Rondon e réu na ação decorrente da primeira etapa da investigação.
Confrontado com o depoimento do genro, Esper confirmou que esteve com ele no escritório do empresário Giovanni Guizardi, apontado pelo Gaeco como operador do esquema. Lá, eles receberam um tablet em que estava escrito que para garantirem o recebimento pelas obras realizadas eles teriam q u e pagar uma taxa de 5%.
Outra confirmação importante foi a de que Rondon de fato perguntou a Guizardi se Permínio sabia desta cobrança, momento em que o empresário fez um sinal positivo com o polegar. Esper também revelou que em outra reunião, Guizardi pediu aos empreiteiros que montassem uma comissão para tratar do tema, ele mesmo fazendo parte do grupo.
O empresário, embora não se lembre da data específica, disse ter ido ao escritório alugado por Guizardi no bairro Santa Rosa, possivelmente para tratar da comissão.Conforme o registro obtido pelo Gaeco, Esper esteve no prédio no dia 18 de agosto de 2015, entre 17h e 17h30, mesma data em que o ex-secretário teria ido ao prédio, uma das provas que o Gaeco utilizou para pedir a prisão de Permínio, decretada pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda.
As oitivas prosseguem hoje (26) e amanhã (27) Permínio deverá ser ouvido. Nesta segunda, os advogados do ex-secretário protocolaram um habeas corpus, alegando a incompetência de Selma para decretar a prisão dele. De acordo com Artur Barros Freire Osti, que atua na defesa do ex-secretário, a magistrada teria “driblado” o Tribunal ao alegar, enquanto ele era secretário, que não havia nenhum indício de participação de Permínio, decretando sua prisão pouco mais de dois meses depois.
Para Osti, Selma “ludibriou” o Judiciário ao esperar a exoneração dele do cargo de secretário e consequente perda de foro quando o certo seria, ainda na primeira fase da investigação, remeter todos os autos para a segunda instância.