Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

DIÁRIO DE CUIABÁ

Obras alvos de operação estão paradas

sexta-feira, 26 de agosto de 2016, 09h47

Aline Almeida
Da Reportagem

Três meses após o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) desarticular uma suposta quadrilha responsável por desviar recursos e direcionar licitações na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) – Operação Rêmora-, as obras de creches e escolas seguem paralisadas. Ao todo, são 16 unidades que passariam por reformas. Segundo a Seduc, ainda não há data prevista para a retomada. Estudando em estrutura precária, já que as escolas foram quebradas para as obras, os alunos cobram a continuidade.

Vale ressaltar que a portaria da Seduc publicada no dia 17 de maio suspendia por 60 dias os contratos, com o objetivo da conclusão do levantamento, controle e avaliação interna pela equipe técnica responsável da pasta. No entanto, há um mês o prazo se encerrou. De acordo com a secretaria, a pasta está trabalhando no replanejamento das obras para posterior processo licitatório, ainda sem data.

Enquanto isso, segundo a representante do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), Leliane Borges, quem vem sofrendo as consequências são os alunos e professores. A começar pelas salas adaptadas que, segundo ela, é de madeirite. “Isso dificulta totalmente o desenvolvimento das aulas; a acústica é muito ruim e atrapalha os professores darem aulas”, diz.

Leliane diz que uma das unidades mais crítica é a Escola Estadual Arlete Maria da Silva, em Várzea Grande. As salas tiveram as portas e janelas quebradas e os alunos estão em salas improvisadas. Outro problema é em relação ao espaço para a atividade física, que não existe mais. Segundo ela, foi retirado todo o piso, feita uma estrutura de ferro e mais nada. “As crianças que estão no Estadual de Vôlei estão treinando na praça, lugar também inapropriado para o treino”, confirma.

Michele Bueno, que é tia de dois alunos que estudam na escola Arlete Maria, diz que realmente a situação é lamentável. “A obra parou de vez. Os alunos não têm que pagar pelos erros destas pessoas que desviaram dinheiro público. Até quando eles vão ter que estudar nestas condições?”, indaga.

A Seduc confirma que agendou visita a essas escolas que estão com as obras paralisadas, a partir da próxima semana. Além disso, informa que os gestores das escolas são orientados a solicitar à Seduc verbas para pequenos reparos, de modo a solucionar paliativamente problemas que impossibilitem o pleno funcionamento da unidade escolar. Algumas das obras que seguem paralisadas são: Escola Estadual Santa Claudina, em Santo Antônio do Leverger, construção de quadra poliesportiva; Escola Estadual André Maggi, em Rondonópolis, reforma de cobertura do refeitório e piscina.

Escola Estadual Adolfo Augusto Moraes, em Rondonópolis, reforma geral da unidade escolar, ampliação de uma sala de aula, da cozinha e do refeitório; Escola Estadual André Avelino Ribeiro, em Cuiabá, construção de cozinha e refeitório, dispensa de alimentos e utensílios; Escola Estadual José Mariano Bento, em Barra do Bugres, reforma da unidade escolar, instalações sanitárias e de energia elétrica, sistema de proteção contra descargas atmosféricas, finalização de muro com gradil, construção de quadra poliesportiva coberta e sistema anti-incêndio, entre outras.

RÊMORA – A operação Rêmora foi deflagrada no dia 03 de maio, pelo Gaeco. Na época cinco pessoas foram presas e 13 conduzidas coercitivamente. As fraudes teriam começado em outubro de 2015, sob a gestão do então secretário Permínio Pinto, que se encontra preso. De cada empresário seria cobrada uma “taxa” que variava entre 3% e 5% em propina, a depender do valor da obra.

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