Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

DIÁRIO DE CUIABÁ

Selma admite ingressar na política

quinta-feira, 13 de outubro de 2016, 09h53

RAFAEL COSTA
Da Reportagem

Em entrevista ao site da revista Veja divulgada ontem, a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Arruda, sinalizou com a possibilidade de ingressar numa carreira política para propor leis anticorrupção. No entanto, adota uma condicionante: viria a ser candidata somente se estivesse muito frustrada na aposentadoria de magistrada que deverá ser concretizada em 2017. “Não penso em questão política. Pelo menos, por ora não. Talvez até fosse pensar se eu me aposentar decepcionada. Se alguma investigação fosse anulada ou se precisasse de uma intervenção legislativa, eu não ia me furtar a me candidatar, não”, declarou.

A magistrada ainda defendeu alterações na lei de colaboração premiada e citou o recente exemplo da operação Filho de Gepeto deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) na qual o advogado Júlio César Domingues Rodrigues desmentiu o delator inicial, o advogado Joaquim Mielli, comprovando que este estaria blindando o deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB) e o seu chefe de gabinete, Francisvaldo Mendes Pacheco, que foi preso no dia 5.

“Isso é um exemplo claro a mentir na colaboração, o que pode transformá-la de um instrumento de muita utilidade em um instrumento de impunidade e de destruição total da persecução penal”. A magistrada ainda classificou a corrupção em Mato Grosso de sistêmica, pois em sua avaliação é arquitetada para atender projetos de poder. “A corrupção no Mato Grosso é sistêmica. Mas a impressão que tenho é de que nos outros estados isso ainda não foi descoberto. É o sistema que funciona dessa forma.

Você não vai subir para um cargo de deputado se não puder indicar três ou quatro caras na administração. E vai indicar uma pessoa para ser secretário para quê? Óbvio que é para fazer fraude e te trazer dinheiro. Não existe outra forma. Em Mato Grosso demos sorte de pegar já de cara figuras muito proeminentes, como o ex-governador Silval Barbosa e o ex-presidente da Assembleia José Riva. Isso acabou causando um medo geral, um certo pânico. Com isso as colaborações vieram e os escândalos estão vindo à tona”.

Questionada a respeito de qual escândalo de corrupção mais a surpreendeu no cenário político de Mato Grosso, a magistrada revelou surpresa com o esquema desvendado pelo Gaeco na operação Imperador que culminou, em fevereiro do ano passado, na prisão do ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva.

“Os dois que mais me chocaram mais foi o primeiro caso da operação Imperador, do José Riva, e o escândalo dos 68 milhões de reais em desvio de gráficas e empresas fictícias. Havia falsificação de documentos em verdadeiras fábricas, fábricas de documentos falsos, fábricas de empresas-fantasmas. Fico imaginando os cidadãos sentados inventando endereços, inventando laranjas... É muito triste pensar que uma autoridade que leva milhares de votos tenha a capacidade de fazer uma coisa dessas. Outra que chocou foi prender o ex-governador Silval Barbosa. Ele tinha acabado de sair do cargo, praticamente não tinha esfriado a cadeira e teve a prisão decretada.


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