GAZETA
Silval vai depor novamente
segunda-feira, 17 de outubro de 2016, 10h53
GLÁUCIO NOGUEIRA
DA REDAÇÃO
O ex-governador Silval Barbosa (PMDB), seu ex-chefe de gabinete, Sílvio Cezar Corrêa Araújo, e o ex-secretário Marcel Souza De Cursi serão novamente interrogados pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda, na ação penal derivada da primeira fase da Operação Sodoma. O pedido para os novos depoimentos foi deferido pela magistrada, atendendo solicitação das defesa, e começa nesta semana.
Os três já haviam prestado depoimento, negando a prática dos crimes imputados pelo Ministério Público Estadual (MPE), mas tiveram a participação no suposto esquema detalhada pelo ex-secretário Pedro Nadaf, outro réu no processo e, por isso, decidiram se manifestar novamente. A ação visa apurar a atuação de uma organização criminosa, chefiada por Silval, que teria cobrado propina do empresário João Batista Rosa para que ele tivesse suas empresas inscritas no Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic), e passasse a receber incentivos fiscais.
Ao todo, seis pessoas respondem pelo caso. Conforme o despacho de Selma, Sílvio será o primeiro a se reinterrogado, nesta sexta-feira (21), no Fórum da Capital. De acordo com Nadaf, ele seria o “braço direito” do ex-governador e agia a mando dele, cuidando da operacionalização do esquema, que envolve outros casos de desvio de recursos públicos, alguns em investigação e outros já na fase processual.
Na primeira oitiva, o ex-chefe de gabinete negou todas as acusações. O segundo a ser ouvido novamente será Marcel, no próximo dia 25. No primeiro interrogatório, ele rejeitou a tese do MPE, a de que teria a incumbência de garantir o respaldo jurídico para as operações em benefício do grupo. No entanto, a tese de defesa é rebatida por Nadaf, que confirmou ser este o papel do ex-secretário de Fazenda na organização.
‘Ele [Marcel] orientava o governador sobre tudo aquilo que se criava ilicitamente para beneficiar a organização”, declarou Nadaf. Por fim, no dia 4 de novembro, será novamente ouvido na ação o ex-governador, apontado pelo MPE e por Nadaf como chefe da organização criminosa, que usava os recursos obtidos com os esquemas para uso pessoal e quitação de dívidas de campanha do grupo político.
Em todas as vezes em que foi ouvido, Silval, que está há 13 meses preso em Cuiabá, negou qualquer participação em atos ilícitos. “O Silval tinha a liderança de tudo na organização’, disse Nadaf em agosto deste ano.