GAZETA
Mendonça: Riva recebeu R$ 10 mi
terça-feira, 18 de outubro de 2016, 11h26
GLÁUCIO NOGUEIRA E WELINGTON SABINO
DA REDAÇÃO
O empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça, afirmou em juízo ter emprestado aproximadamente R$ 10 milhões ao ex-deputado José Geraldo Riva. A declaração foi dada nesta segunda-feira (17), quando ele foi ouvido na condição de testemunha de uma das ações penais derivadas da Operação Imperador, que apura desvios da ordem de R$ 62 milhões dos cofres públicos.
Ao todo, a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda, ouviu sete testemunhas, todas arroladas pela acusação. O processo conta com 13 réus. No depoimento, Mendonça, colaborador da Operação Ararath, contou que foi apresentado a Riva por Eduardo Jacob, em meados de 2005. Na ocasião, ele fez um empréstimo ao ex-deputado no valor de R$ 2 milhões. “O empréstimo foi quitado meses depois. Mas depois foram feitos outros empréstimos.
Cada vez que ele me pedia empréstimos eram cerca de R$ 500 mil”. Na primeira transação, Riva deu sua casa como garantia, mas depois passou a utilizar cheques em nome dele. Depois de um tempo, o ex-secretário Ademar Adams, falecido em 2010, passou a quitar os empréstimos contraídos pelo ex-parlamentar. De acordo com Júnior Mendonça, em algumas vezes Riva disse a ele que precisava do dinheiro para atender as “necessidades do sistema” e “cumprir compromissos com a imprensa”.
Ao final quando deixou de emprestar dinheiro ao então presidente da Assembleia Legislativa, Mendonça disse que ainda ficou com créditos junto a José Riva. Em algumas vezes Riva dizia a Mendonça que tinha negócios envolvendo gado e era essa a fonte do dinheiro que ele usava para pagar os empréstimos. “Na verdade, nunca procurei saber a fundo de onde era a origem do dinheiro”.
O delator da Ararath foi questionado por Selma sobre o valor total de dinheiro que emprestou para José Riva. “Acredito, não tenho isso levantado, ocumentado, acredito contando com esses valores que ficaram pra trás, que foram aproximadamente R$10 milhões”, revela Mendonça. Os empréstimos começaram em 2005 e se estenderam até 2009 quando, segundo o empresário, Riva já não estava mais honrando com os pagamentos.
Ele disse não saber ao certo quanto tem a receber, mas em valores da época acredita ser em torno de R$ 6 milhões. Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), o esquema criminoso consistia na realização de licitações fraudulentas de materiais gráficos, que eram faturados, cobrados, mas não realizados. Riva, que chegou a ser preso por conta das investigações em fevereiro do ano passado, responde pelo mesmo esquema, mas em uma ação desmembrada. As audiências prosseguem ao longo desta e da próxima semana, quando serão ouvidas as testemunhas e os réus no processo.