Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

GAZETA

Guizardi reitera todas acusações em juízo

terça-feira, 13 de dezembro de 2016, 10h12

GLÁUCIO NOGUEIRA
DA REDAÇÃO

O empresário Giovani Belatto Guizardi, dono da Dínamo Construtora e delator da Operação Rêmora, afirmou ter feito um depósito que beneficiaria o deputado federal Nilson Leitão (PSDB). Ele foi ouvido nesta segunda-feira (12), na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, no processo derivado da investigação, que desmantelou um esquema de cobrança de propina de empresários que realizavam obras nas unidades de ensino ligadas à Secretaria de Estado de Educação (Seduc).

Segundo Guizardi, a ordem para fazer o depósito partiu do ex-secretário Permínio Pinto, apontado por ele como “líder” no esquema, alguém que “mandava e desmandava” na Seduc. “O Permínio uma vez me deu, em um papel, o número de uma conta para fazer um depósito de R$ 20 mil. Quem fez o depósito foi o meu funcionário, Edezio. só depois eu vi que quem foi beneficiada foi uma rádio de Sinop”, afirmou.

Desde que teve seu nome citado por Guizardi, o parlamentar nega qualquer participação no esquema e destaca que sequer conhece o empresário. Questionado pelos promotores do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), o empresário explicou que a cobrança de propina não implicou em um aumento de custos nas obras, ou seja, não houve nenhum tipo de superfaturamento para que a cobrança da taxa de 5% fosse feita. “O valor era tirado do lucro dos empresários. Até finalizar a licitação, tudo era legal. As abordagens aos empresários era feita depois, quando os pagamentos seriam liberados.

O negócio estava no automático”, destacou. Guizardi confirmou que além de Permínio, os três ex-servidores da Seduc denunciados: Fábio Frigeri, Moisés Dias da Silva e Wander Luiz dos Reis, sabiam de todo o esquema e participavam ativamente e tinham os telefones trocados pelo empresário para prosseguirem no negócio. “Eu trocava os celulares deles quinzenalmente. Reunia com eles na minha empresa, combinava o que tinha que ser combinado, pegava os celulares e dava outros.Os codinomes eram cores, países e cidades”.

PAGAMENTO - O empresário revelou que todo o esquema já existia na gestão anterior e que a ele coube retomar a cobrança, definir o percentual cobrado e a divisão do montante obtido. Segundo o dono da Dínamo, 25% ficavam com Permínio, 25% com o empresário Alan Malouf, que “abriu as portas” para que ele atuasse na Seduc, 25% para o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), 10% para ele e o restante dividido entre os servidores e os custos que o esquema gerava.

Ele disse que entregava a parte de Permínio no apartamento do ex-secretário, descrevendo inclusive o imóvel, e a de Alan no escritório dele. Embora nunca tenha entregue o dinheiro diretamente a Maluf, o empresário afirmou que deixava metade daquilo que era obtido com Alan, que seria o encarregado de entregar a parte do tucano. Permínio, Alan e Guilherme negam todas as acusações.

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