Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

DIÁRIO DE CUIABÁ

Empresário Alan Malouf é preso

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016, 10h32

KAMILA ARRUDA
Da Reportagem

O Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) deflagrou na tarde de ontem a terceira fase da Operação Rêmora, intitulada “Grão Vizir”. O fato resultou na prisão preventiva do empresário Alan Ayoub Malouf, um dos proprietários do Buffet Leila Malouf. O mandado foi expedido pela juíza Selma Rosane de Arruda, responsável pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá. A magistrada ainda expediu uma série de mandados de busca e apreensão e conduções coercitivas.

Todas foram cumpridos na tarde de ontem. Inicialmente, o empresário foi considerado foragido por não ter sido encontrado nem em sua residência e nem em seu local de trabalho. No entanto, no final da tarde, acompanhado de seu advogado ele se apresentou à juíza Selma Arruda, no Fórum de Cuiabá.

Após isso ele foi conduzido ao Instituto Médico Legal (IML), onde passou por exame de corpo de delito e posteriormente foi encaminhado ao Serviço de Operações Especiais (SOE), no CPA. Malouf não foi levado para o Centro de Custódia de Cuiabá (CCC) para não ter contato com outros presos da Operação Rêmora, o ex-secretário Permínio Pinto e o ex-servidor da Seduc Fábio Frigeri.

Malouf foi o principal alvo desta fase, que foi deflagrada após a delação do empresário Giovani Guizardi, dono da Dínamo Construtora, que apontou o empresário Alan Malouf como o responsável por sua entrada na quadrilha responsável por fraudar licitações e cobrar propina na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), nos anos de 2015 e 2016.

Alan Malouf é primo da esposa de Giovani Guizardi, que em sua delação e depoimento à Justiça disse que tinha interesse em participar de obras na Seduc, e como Alan Malouf era próximo ao atual governo do Estado, inclusive afirmando a Guizardi que havia ‘investido’ R$ 10 milhões na campanha de Pedro Taques, providenciou o encontro do empreiteiro com o então secretário da Pasta, Permínio Pinto.

Com o esquema implantado, segundo Guizardi, 50% do dinheiro desviado era entregue a Alan Malouf, que dividia com o presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Maluf, a bolada meio a meio, 25% era entregue ao ex-secretário Permínio Pinto e os 25% restantes eram divididos entre Guizardi, com 10%, e os ex-servidores Fábio Frigeri e Wander Luiz dos Reis, com 5% cada, além de 5% para custeio da organização.

Ao longo de oito meses, foi desviado R$ 1,2 milhão, em 96 pagamentos realizados pela Seduc. A primeira fase da Operação Rêmora foi deflagrada pelo Gaeco em maio deste ano com o intuito de combater fraudes em licitações e contratos administrativos de construções e reformas de escolas que teriam ocorrido na Secretaria de Educação de Mato Grosso.

Nesta primeira fase foram presos o empresário Giovani Guizardi – que ficou sete meses na cadeia - e os ex-servidores da Seduc Fábio Frigeri, Wander dos Reis e Moises Dias. Na segunda fase, deflagrada em julho, foi preso o ex-secretário Permínio Pinto, que continua preso no Centro de Custódia de Cuiabá. As irregularidades nos processos licitatórios teriam começado em outubro de 2015 e envolveram pelo menos 23 obras de reforma e construção de escolas públicas que totalizam mais de R$ 56 milhões.

GRÃO VIZIR - O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e o Naco (Núcleo de Ações de Competência Orignária) denominaram a terceira fase da Operação Rêmora de “Grão Vizir”, que na antiga Pérsia era ministro e conselheiro de um sultão, ou rei. O grão-vizir era a mais alta autoridade depois do sultão, sendo considerado representante deste e atuando em seu nome. O termo significa \"ajudante\".

OPERAÇÕES - Além de ter a prisão decretada na Operação Rêmora, o empresário Alan Malouf já foi alvo de outras duas operações. Na Operação Sodoma, ele foi alvo de condução coercitiva e busca e apreensão com medidas cautelares no mês de setembro.

Ele chegou a ter a prisão solicitada pela promotora Ana Cristina Bardusco Silva, mas foi negada pela juíza Selma Arruda. Ele é acusado, neste caso, de lavar cerca de R$ 2 milhões das propinas obtidas pelos ex-secretários de Planejamento Arnaldo Alves - que está preso - e da Casa Civil, Pedro Nadaf, que está em liberdade com medidas restritivas.

Também teve seu nome envolvido na Operação Seven, que apura um esquema de compra de uma área de R$ 32 milhões do Jardim Liberdade, em Cuiabá. Alan chegou a prestar depoimentos sob acusação de receber cheques do esquema.

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