DIÁRIO DE CUIABÁ
Nova operação contra o grupo de Silval
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017, 09h33
KAMILA ARRUDA
Da Reportagem
A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou ontem (14) a 5ª fase da Operação Sodoma, que investiga fraudes à licitação, desvio de dinheiro público e pagamento de propinas. O ex-secretário de Administração do Estado, Francisco Faiad (PMDB) foi preso, teve a sua prisão preventiva decretada pela juíza Selma Rosane de Arruda.
Além do peemedebista, a magistrada também determinou a prisão de mais quatro pessoas: o ex-governador Silval da Cunha Barbosa; o ex-secretário adjunto da Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana, Valdisio Juliano Viriato; o ex-chefe de gabinete de Silval, Sílvio Cesar Corrêa Araújo e o ex-secretário adjunto de administração, José Jesus Nunes Cordeiro.
Também foram expedidos nove mandados de condução coercitiva e nove de busca e apreensão domiciliar, os quais foram cumpridos nos estados de Mato Grosso, Santa Catariana e Distrito Federal. Entre os conduzidos estão o ex-procurador Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, Marcel de Cursi, Arnaldo Alves de Souza Neto, Lúdio Cabral, Wanderley Fachetti Torres, Rafael Yamada Torres, Diego Pereira Marconi, Valdecir Cardoso de Almeida, Wilson Luiz Soares Pereira e Mário Balbino Lemes Júnior.
Os suspeitos são acusados de fraudes à licitação, corrupção, peculato e organização criminosa em contratos celebrados pelo Governo do Estado com duas empresas nos anos de 2011 a 2014. A Operação esta sendo conduzida pela Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz). Esta fase foi deflagrada graças às informações obtidas por meio das delações premiadas de Juliano César Volpato, Edésio Corrêa e Alaor Alvelos.
Os dois primeiros são administradores das empresas Marmeleiro Auto Posto e Saga Comércio Serviço Tecnológico e Informática Ltda. Já o último é servidor público lotado na Secretaria de Infraestrutura. As delações dos ex-secretários de Administração, César Zílio e Pedro Elias Domingos, firmadas durante a 2ª fase da Operação também contribuíram para as investigações.
Em acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Estadual (MPE), o empresário Juliano Volpato, do Auto Posto Marmeleiro, revelou que o ex-governador Silval Barbosa exigiu, pessoalmente, que ele pagasse R$ 70 mil mensais de propina para que o Estado quitasse os débitos que estavam em atraso com a empresa.
Nesta fase a investigação diz respeito a fraudes à licitação, desvio de dinheiro público e pagamento de propinas, realizados pelos representantes das duas empresas citadas, em benefício da organização criminosa comandada pelo ex-governador Silval Barbosa, segundo o Ministério Público Estadual.
Conforme o Ministério Público as empresas foram utilizadas pelo grupo criminoso para o recebimento de vantagens indevidas através de desvio de recursos públicos por meio das Secretarias de Administração e Transporte e Pavimentação Urbana.
A Marmeleiro era a responsável pelo fornecimento de combustível para o Estado durante a gestão do ex-governador Silval Barbosa. Ela também atendeu à demanda do Palácio Paiaguás no primeiro ano de gestão do governador Pedro Taques (PSDB). A Saga, por sua vez, prestava serviços para o Estado na área de tecnologia e informática.
As duas empresas, juntas, receberam aproximadamente R$ 300 milhões, entre os anos 2011 a 2014, do Estado de Mato Grosso, em licitações fraudadas. Com o dinheiro desviado efetuaram pagamento de propinas em benefício da organização criminosa, segundo o MPE, no montante estimado em mais de R$ 7 milhões.