Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

DIÁRIO DE CUIABÁ

Empresas pagavam ‘mensalinho’ para Silval

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017, 10h34

KAMILA ARRUDA
Da Reportagem

Segundo a denúncia feita pelo Ministério Público Estadual (MPE), os integrantes da organização criminosa liderada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB), desbaratada por meio da 5ª fase da Operação Sodoma, recebiam um “mensalinho” para garantir a permanência das empresas Marmeleiro Auto Posto e Saga Comércio, Serviço Tecnológico e Informática Ltda. no governo do Estado.

A propina foi paga de 2011 a 2014 e inicialmente o valor mensal era de R$ 70 mil. O montante era pago por Edésio Corrêa, responsável pela Saga Tecnologia. O responsável por receber o dinheiro em nome da organização criminosa era o ex-secretário de Administração do Estado, César Zílio. “O dinheiro era entregue, às vezes, na residência, ora no escritório de contabilidade de César e em alguns momentos na SAD”, aponta a denúncia do MPE.

A propina era entregue em quatro envelopes, uma vez que já vinha separa para os membros do grupo. O Ministério Público afirma que, dos R$ 70 mil, R$ 30 mil eram repassados para Silval, e R$ 32 mil eram destinados a Zílio e ao ex-chefe de Gabinete do peemedebista, Silvio Corrêa, e cada um ficava com R$ 16 mil.

“O envelope contendo R$ 8 mil, César Zílio declarou a Juliano Volpato, responsável pela Marmeleiro Auto Posto, que seria destinado aos ‘guachebas’, mas na verdade era entregue a Edésio Correa, que lhe havia solicitado esta quantia mensal”, explica trecho da decisão proferida pela juíza Selma Rosane de Arruda. De acordo com o MPE, os valores pagos a título de propina eram retirados dos caixas dos postos de gasolina administrados por Juliano Volpato.

Em janeiro de 2013, Zílio deixou o comando da Secretaria de Administração para dar espaço para o advogado Francisco Faiad. “Houve plena adesão por parte deste à organização criminosa, tanto que determinou que os pagamentos das mensalidades fossem mantidos, mas que continuassem a serem feitos diretamente a Cesar Zílio”, pontuou o MPE.

Apesar de não ter ficado responsável pelo recebimento da propina, Faiad exigiu que o valor mensal fosse aumentado para R$ 80 mil. O montante, com isso, passou a ser repassado em quatro envelopes, identificados com a inicial do nome de cada membro que receberia o quinhão. Com o aumento no valor da propina, o ex-governador passou a receber R$ 40 mil mensal. Zílio e Faiad ficavam com R$ 16 mil cada, e Edésio com os mesmos R$ 8 mil.

Esta forma de pagamento teria perdurado por três meses. Isto porque, após este período, Faiad teria passado a ficar responsável pelo recebimento da vantagem indevida. Em delação premiada firmada junto com o Ministério Público, os responsáveis pelas empresas investigadas revelaram que Faiad fazia abastecimentos mensais nos postos Marmeleiros, e estes abastecimentos eram abatidos do valor da propina mensal.

“Aspecto que mais uma vez ilustra sua total adesão ao grupo criminoso”, enfatiza o MPE. Já em setembro de 2013, a responsabilidade de receber o ‘mensalinho’ passou a ser de Pedro Elias Neto, que na época ocupava o cargo de secretário-adjunto de Gestão. “Consta, portanto, que Cesar Zílio recebeu a propina entre outubro de 2011 e dezembro de 2012, Francisco Faiad teria recebido entre janeiro a dezembro de 2013 e Pedro Elias, de janeiro a dezembro de 2014”, constataram os promotores de justiça.

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