GAZETA
Curvo não acredita em anulação
quinta-feira, 09 de março de 2017, 10h08
GLÁUCIO NOGUEIRA
DA REDAÇÃO
O procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, Mauro Curvo, defendeu a continuidade das ações penais decorrentes da Operação Sodoma, cuja anulação encontra-se em julgamento por parte do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele afirmou que as investigações, que apuram a atuação de uma organização criminosa que desviou recursos públicos do Estado, não podem ser canceladas apenas “por uma vírgula eventualmente fora do lugar”.
Curvo ressaltou que entende que o mérito da questão deve estar acima de qualquer eventual formalidade, como alegam os advogaos responsáveis pela defesa do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), apontado como chefe da suposta organização criminosa, que ingressaram com o recurso.
“Quero crer que não vá haver a anulação, até porque se analisarmos com profundidade o que a defesa alega, na nossa visão, que foi a mesma do Tribunal de Justiça, não houve nenhuma irregularidade a ponto de se justificar uma anulação”, dstacou, lembrando que o mesmo pedido foi rejeitado pela Justiça estadual.
O procurador ressaltou que, embora não concorde, respeita os argumentos apresentados pelos advogados do peemedebista, bem como o voto do ministro do STJ, Sebastião dos Reis Júnior. “Só nos resta esperar para ver e esperar que aqueles ministros que ainda decidirão mantenham a decisão do Tribunal de Mato Grosso”.
Para Curvo, mais do que eventuais formalidades, é preciso entender que as investigações iniciadas pela Polícia Civil trouxeram à tona um sofisticado esquema de desvio de recursos públicos, em diversas frentes, com a participação direta de muitos agentes públicos, que confessaram os crimes. “A essência de tudo é que houve o desvio e está comprovada a participação das pessoas envolvidas.
Não vamosdiscutir se a vírgula está no começo ou no meio da frase como algo que seja capaz de tapar o desvio ou a responsabilização de quem cometeu o desvio”. Iniciada em 2015, a Operação Sodoma já teve deflagradas cinco fases distintas. O início da investigação, questionada pela defesa de Silval em tese que, se aceita, resultará na anulação de tudo o que foi obtido após os primeiros trabalhos, apontou para a prática de extorsão contra um empresário em troca de incentivos fiscais.
Os trabalhos prosseguiram e localizaram empresários que pagavam propina para manter contratos com o Estado. Além de Silval, foram presos diversos ex-secretários, como Marcel Souza de Cursi, Pedro Nadaf, Cézar Zílio, José de Jesus Nunes Cordeiro, Pedro Elias Domingos de Melo, Francisco Anis Faiad, além do procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho.
Destes, seguem presos Silval, Cordeiro, Cursi e Lima. Os trabalhos também apontam para a existência de operadores, como o exchefe de gabinete de Silval, Sílvio Cezar Corrêa Araújo, também atrás das grades. As investigações também conseguiram recuperar parte do dinheiro desviado.