Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

GAZETA

Grandes pecuaristas detêm a maior parte

terça-feira, 25 de abril de 2017, 14h08

KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO

Mais da metade das propriedades rurais instaladas nos limites do Parque Estadual Serra de Ricardo de Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade (521 Km a Oeste de Cuiabá), foram “griladas” por grandes pecuaristas, sendo um deles o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha.

Menor parte das mais de 130 fazendas são preexistentes ao decreto de criação do parque, que agora está sendo questionado na Assembleia Legislativa. Estas informações foram repassadas à imprensa pelo Ministério Público Estadual que chamou o Governo do Estado a compor uma força-tarefa para barrar o projeto de lei apresentado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT) por lideranças partidárias, suspendendo a validade do decreto.

A matéria já foi aprovada em primeira votação, a toque de caixa, na última quarta-feira (19), véspera de feriado. A intenção é impedir que vá para segunda votação, porque, se passar na Casa, na prática irá extinguir a unidade de conservação, o que, na visão do MP, só atenderia a interesses dos pecuaristas.

Ministério Público e ambientalistas reagiram mal à manobra rápida dos deputados, alegando que agiram em favor do empresariado rural, colocando em risco uma das maiores riquezas naturais de Mato Grosso. Ontem no final da tarde, MP e Governo do Estado afirmaram para a imprensa que vão atuar em parceria para evitar a extinção.

Visivelmente irritado, o procurador de Defesa do Meio Ambiente Luiz Alberto Scaloppe, ressaltou que agora é hora de fazer um acordo para “salvar” o parque. Ele chama o projeto em trâmite na AL de “insensato, impensado e irresponsável”. Na reunião, o vice-governador Carlos Fávaro, que também é secretario de Estado de Meio Ambiente, retrucou que não vai desrespeitar a autonomia dos poderes e que os deputados têm o direito ao livre exercício dos mandatos.

Mas garante porém que o Governo não tem interesse em extinguir a reserva. Mas que a indenização dos proprietários, para que saiam da unidade de conservação, será um desafio orçamentário. A promotora Regiane Soares, autora de 51 ações contra fazendeiros ilegais que ocupam a área, assegura que levantamento histórico da ocupação local confirmaria que a menor parte teria direito a pagamento.

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