Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

GAZETA

MPE acusa fazendeiros e políticos

sexta-feira, 28 de abril de 2017, 10h30

KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO

A redução da Reserva Extrativista (Resex) Guariba -Roosevelt, no extremo Norte de Mato Grosso, entre Colniza e Aripuanã, em dezembro do ano passado, e agora o risco de extinção do Parque Estadual Serra de Ricardo Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade, na divisa com a Bolívia, levaram promotores do Ministério Público Estadual (MPE) e ambientalistas, indignados com o que consideram ser afronta em série às reservas ambientais de Mato Grosso, a um ato de repúdio, ontem de manhã, no auditório da Procuradoria Geral de Justiça, em Cuiabá.

O MPE denuncia que a situação de insegurança jurídica agrária, criada pela ideia de que essas áreas agora seriam devolutas e portanto passíveis de invasões, promovem violência no campo. O resultado disso seriam atrocidades, como a chacina na gleba Taquaruçu do Norte, em Colniza, em que morreram nove posseiros dia 19 deste mês, torturados e executados a tiros e golpes de facão. A Resex fica a 20 quilômetros do local onde ocorreu a chacina.

A denúncia dos promotores e dos ambientalistas é também a de que por trás de matanças, perseguições, desmatamento e outros crimes, estão fazendeiros e políticos, que usam “laranjas” para lucrar neste cenário de guerra rural. Em Colniza, Aripuanã, Cotriguaçu, Juruena e outros municípios da região amazônica, conflitos e invasões de terras estão na rotina. “Geralmente são políticos mais ou menos poderosos que estão por trás dessas invasões”, afirma o promotor Luiz Alexandre Lima, que atua em Aripuanã, citando como exemplo a operação “Rohden”, desencadeada em 2016, em que foi preso um vereador de Juruena, apontado como líder da invasão de uma fazenda de propriedade da empresa Rohden Indústria Lignea.

O promotor destaca que a redução da Resex, que agora tem menos 106 mil hectares, é um chamariz para grileiros. “A população vai pensar que aquilo lá é uma área em disputa, irregular e em tese pode ser invadida”. Para ele, a grilagem é problema sério, como um favelamento rural, que abre espaço a problemas sociais gravíssimos, mediante a ausência do Estado. “Nestes locais, foragidos da justiça se escondem e todo tipo de crimes acontecem”. A promotora Ana Luiza Peterlini, exsecretária de Estado de Meio Ambiente, questionada se há políticos e fazendeiros envolvidos nestes conflitos e invasões, responde “é lógico”.

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