GAZETA
Audiências começam e golpe é confirmado
quarta-feira, 03 de maio de 2017, 09h41
GLÁUCIO NOGUEIRA E WELINGTON SABINO
DA REDAÇÃO
Começou nesta terça-feira (2), na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, o julgamento da ação proposta pelo Ministério Público Estadual (MPE) contra 15 servidores e ex-servidores públicos, alvos da Operação Vespeiro. Eles são acusados de terem operado um esquema que resultou no desvio de mais de R$ 16 milhões dos cofres da Conta Única do Estado.
A operação foi deflagrada pela Polícia Civil em maio de 2012. Os réus no processo são o ex-secretário de Fazenda, Edmilson José dos Santos, Magda Mara Curvo Muniz, Albina Maria Auxiliadora Gomes, Edson Rodrigo Ferreira Gomes, Silvan Curvo, Renato Alexandre Ferreira Gomes, Rosália Catarina da Silva Gattas, Vicente Ferreira Gomes, Thais Gonçalves Mariano, Edilza Maria de Freitas Curvo, Antônio Ricardino Martins Cunha, Glaucyo Fabian de Oliveira Nascimento Ota, Paulo Alexandre França, Avaneth Almeida das Neves e Mauro Nakamura Filho.
No primeiro dia da audiência, foram ouvidas três testemunhas arroladas pelo MPE. Todas elas confirmaram a tese levantada na investigação, a de que os réus teriam usado contas correntes de “laranjas” para transferir recursos públicos, inserindo estes dados no sistema como se eles fossem prestadores de serviço do Estado. A primeira pessoa ouvida foi a aposentada Alice Maria de Oliveira, de 82 anos.
Ela é considerada vítima no esquema já que a conta dela foi usada pelos acusados para transações bancárias sem o consentimento da aposentada. Ela diz não saber nada sobre o caso, pois nunca foi ouvida no Ministério Público sobre os fatos investigados na Operação Vespeiro. O Ministério Púbico diz que CPF e outros documentos da idosa foram usados para abrir uma conta no Banco do Brasil onde foram depositados valores que somam mais de R$ 300 mil.
“Ai, meu Jesus, se eu tivesse recebido esse dinheiro eu acho que nem estaria aqui”, exclamou a aposentada ao saber de tal valor que foi depositado nas contas dela. “Eu até agora não sei o que é isso, não conheço nenhuma dessas pessoas citadas”, afirmou Alice. Nas outras duas oitivas, uma professora e um morador de Rondonópolis confirmaram que emprestaram suas contas para a realização de movimentações financeiras dos réus.
A professora explicou que “emprestou o nome” (conta bancária) para Ricardino, a exemplo do que fez a irmã dela. “Ele falou que precisava para fazer um favor para alguém, só isso”, relatou. As audiências prosseguem nas próximas semanas.