GAZETA
Familiares de Silval receberam R$ 1,8 milhão
terça-feira, 27 de junho de 2017, 10h35
GLÁUCIO NOGUEIRA
DA REDAÇÃO
Familiares e pessoas próximas ao ex-governador Silval Barbosa (PMDB) receberam mais de R$ 1,8 milhão em depósitos e transferências feitas pela JBS. A informação faz parte de um relatório elaborado pela Polícia Civil, com base nas movimentações financeiras de diversas pessoas motivada pela investigação da Operação Sodoma. Conforme um dos donos do frigorífico, Wesley Batista, a empresa pagou aproximadamente R$ 30 milhões ao político em troca da concessão de incentivos fiscais, entre os anos de 2012 e 2014.
Batista é um dos beneficiados com o acordo de colaboração premiada firmadaentre executivos do grupo e os procuradores que atuam na Operação Lava Jato. De acordo com a Polícia Civil, a quebra do sigilo bancário de 18 pessoas físicas e 14 jurídicas foi motivada pela localização de “fontes de dados” na empresa do médico Rodrigo Barbosa, filho de Silval, alvo de um mandado de busca e apreensão em uma das fases da Sodoma.
As operações suspeitas fazem parte das 42 páginas do documento, que está juntado em um dos processos movidos pelo Ministério Público Estadual (MP) contra a suposta organização criminosa que seria chefiada por Silval. Rodrigo, inclusive, figura como um dos beneficiários dos repasses. Entre junho de 2014 e junho de 2015 ele recebeu três transferências bancárias de dinheiro da JBS. Juntas, as operações somam pouco mais de R$ 470 mil. Rodrigo chegou a ser preso à época, mas acabou liberado após o pagamento de fiança.
O maior montante dos recursos, no entanto, foi creditado na conta de um dos irmãos do político, Cláudio da Cunha Barbosa. De janeiro de 2011 a maio de 2016 foram feitas 16 transferências da JBS para uma conta em nome dele, totalizando R$ 920,2 mil. Outro irmão de Silval, Antônio da Cunha Barbosa Filho, por meio de sete transferências, todas em 2011, recebeu pouco mais de R$ 255 mil.
Outro recebedor dos recursos foi o administrador de uma emissora de rádio, de propriedade de Rodrigo e da mãe dele, a ex-primeira-dama Roseli Barbosa. Na conta de Alvacir Gasparetto foram creditados R$ 187,5 mil. O caso veio a público em maio deste ano com a divulgação do depoimento de Wesley. Aos procuradores, ele contou ter sido procurado por Silval, em 2011.
Em troca de cerca de R$ 74 milhões em incentivos fiscais, ele teria pedido R$ 30 milhões, ao longo de três anos. A operação foi alvo de uma ação civil pública e de uma invetigação na esfera criminal. Para encerrar a demanda na parte cível, a JBS firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no final do ano passado. Na ocasião, o frigorífico devolveu aos cofres públicos cerca de R$ 370 milhões.