GAZETA
Silval xingou e pressionou, afirma réu
terça-feira, 04 de julho de 2017, 15h09
ALCIONE DOS ANJOS
REDAÇÃO DO GD
Em depoimento à juíza Selma Rosane Santos Arruda nesta segunda-feira (3), o ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Afonso Dalberto, revelou que foi chamado de “cagão” pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB) diante de sua resistência em aceitar de imediato fazer parte do esquema de desvio de dinheiro envolvendo a desapropriação do terreno do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.
O esquema envolvendo a desapropriação de uma área de 55 hectares custou aos cofres públicos o valor aproximado de R$ 31,8 milhões e foi objeto de investigação na 4ª fase da Operação Sodoma. Do valor total, segundo as investigações da Polícia Civil e Ministério Público Estadual (MPE), houve uma cobrança de propina de R$ 15,8 milhões.
O terreno estava avaliado em R$ 17,8 milhões, mas o Estado pagou R$ 31,8 milhões. Afonso foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) e virou réu numa ação penal. Depois assinou acordo de colaboração e prestou depoimento nesta condição. O ex-presidente do Intermat revelou à juíza que enquanto esteve preso no Centro de Custódia da Capital (CCC) sofreu pressão para não delatar o esquema.
Segundo ele, o ex secretário Marcel Souza de Cursi era o autor da maior parte das ameaças. Ele relatou ainda que enquanto esteve preso chegou a pensar em cometer suicídio e só não o fez ‘por sorte’. Afonso lembrou que em 2014 o Estado não tinha recurso para pagar as desapropriações, mas que o então governador Silval Barbosa, mandou ele dar um jeito.
Reafirmou que toda a negociação e pagamento a ele de R$ 600 mil como propina foi feita por intermédio do procurador aposentado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima. Dalberto foi preso por agentes do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) na Operação Seven. Depois de detido, decidiu colaborar com a Justiça e virou delator. Os detalhes do esquema revelados por ele subsidiaram a deflagração da 4ª fase da Sodoma.