Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

DIÁRIO DE CUIABÁ

“Falta atenção básica”, diz promotor

sexta-feira, 07 de julho de 2017, 10h55

ALINE ALMEIDA
Da Reportagem

A deficiência na atenção básica é um dos maiores motivos da precariedade e superlotação do Pronto Socorro de Cuiabá. A confirmação é do promotor Alexandre de Matos Guedes que há mais de 10 anos atua na Defesa da Cidadania e do Consumidor em Cuiabá como, entre eles casos de saúde. Segundo ele Cuiabá tem apenas uma cobertura de atenção básica de 53%. Para piorar, Guedes confirma que tem mais de cinco anos que não se inaugura uma unidade de atenção básica, seja centro de saúde, seja equipe de saúde da família.

O promotor cita que são inúmeros os trabalhos em busca de saúde pública de qualidade. Guedes conta que das 70 equipes de saúde da família, 32 estão com ação civil ou inquérito aberto para cuidar da questão estrutural. Ele elenca ainda que toda a unidade de saúde rural tem ACP para reformar as estruturas. Dos centros de saúde dos 21 em Cuiabá, 10 estão com inquérito ou ACP para reforma. Dos nove centros odontológicos pelo menos cinco tem ações em relação a estrutura. “Não estou dizendo que os outros não têm problema, mas por enquanto estes chegaram aqui”.

Em Cuiabá o promotor cita ainda há também os grandes problemas na rede secundária, as policlínicas e as UPAS. “A cidade cresceu e ao invés de aumentar as policlínicas abriu duas UPAs e fechou duas policlínicas. A UPA tem menos serviço que as policlínicas. Também tem problemas nas policlínicas que não realizam exames, raio-x e entrega de medicamentos após determinado horário. Isso superlota as UPAs e o pronto socorro ainda mais”, diz.

O promotor lamenta o fato de que todos os prefeitos tem uma preocupação muito grande com asfalto. Ele diz que o prefeito Emanuel Pinheiro, por exemplo, tem anunciado que o programa dele praticamente vai universalizar o asfalto em Cuiabá. “Mas não há uma política para reparar ou fazer uma manutenção das estruturas das unidades de atenção básica. Falta oferta de serviço, uma vontade política de ofertar mais serviço”, frisa.

O promotor confirma ainda que um dos maiores gargalos são as inúmeras obras de saúde paradas que poderiam estar atendendo os pacientes. Só de unidades básicas de saúde são mais de 20, que inclusive correm o risco de perder recursos federais. Além do prejuízo financeiro Guedes diz que isso significa que a atenção básica fica mais longe de grande parte da população que precisa se deslocar mais para ter atendimento de saúde e que acaba não se deslocando por vários motivos.

“A atenção básica precisa estar perto do cidadão, se o cidadão precisa se deslocar muito para conseguir um atendimento o que acontece, ele acaba esperando, esperando e vai acabar no Pronto Socorro, numa UPA, numa policlínica e acaba gastando mais dinheiro. Quando não se tem uma atenção básica você acaba deixando de resolver vários problemas que são baratos de resolver e simples, mas que não se resolvendo vai parar no Pronto Socorro e tendo um alto custo”, diz.

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