GAZETA
Arnaldo achou que era ‘comissão’
sexta-feira, 28 de julho de 2017, 10h14
CELLY SILVA E GLÁUCIO NOGUEIRA
DA REDAÇÃO
O ex-secretário de Planejamento, Arnaldo Alves, admitiu ter recebido parte do dinheiro desviado dos cofres públicos no processo de desapropriação de uma área no Jardim Liberdade, em Cuiabá. Ele foi ouvido nesta quinta-feira (27), na ação penal decorrente da terceira fase da Operação Sodoma, da qual é um dos réus. Alves afirmou que imaginou que os valores, que ele não soube precisar quanto, eram um tipo de ‘comissão’ ou ‘recompensa’ pelos serviços prestados.
Diante da juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda, ele se emocionou ao falar dos problemas de saúde que teve nos últimos anos. Ele explicou que foi chamado pelo então governador Silval Barbosa (PMDB) para tratar do remanejamento de valores e explicou que isso é uma prerrogativa do chefe do Executivo, sendo que suplementações são normais dentro do governo.
Arnaldo afirmou que houve um decreto orçamentário que autorizou a suplementação de recursos e que isso ocorreu de forma legal. ‘A responsabilidade da Secretaria de Planejamento é somente no orçamento’. O réu relata que após passar pela Seplan, o processo de desapropriação foi remetido para a Casa Civil e depois para o gabinete do governador, seguindo a tramitação normal.
No entanto, ele revela que depois disso, foi procurado pelo ex-chefe da Casa Civil Pedro Nadaf que lhe ofereceu parte do ‘retorno’ que haveria na transação. “Depois que foi feita a suplementação do Intermat, o secretário-chefe da Casa Civil Pedro Nadaf me chamou na sala dele e falou que estavam pagando uma desapropriação.
‘Essa desapropriação vai dar um retorno pra nós, porque existe uma dívida do governador ainda, eu conversei com o Silval e esse retorno que está vindo vai ser mais do que a gente precisava e há possibilidade de rateio, eu coloquei você e o Silval concordou que você também recebesse’. Sua parte dos recursos foram, segundo ele, emprestadas ao empresário Allan Malouf, de quem é amigo.
“Eu tinha disponibilidade, o Alan estava precisando e eu emprestei pra ele. Eu poderia até querer a questão dos juros, mas eu apenas emprestei porque era meu amigo mesmo. Pra mim não alterou em nada. Alterou sim depois que aconteceu isso. A partir do momento que houve essas acusações, aí sim eu comecei a perder meu patrimônio”. Ao longo do seu interrogatório, atendendo uma estratégia de sua defesa, o ex-secretário não respondeu aos questionamentos do Ministério Público Estadual.