Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

DIÁRIO DE CUIABÁ

Tenente Ledur terá que usar tornozeleira

segunda-feira, 31 de julho de 2017, 13h48

ALINE ALMEIDA
Da Reportagem

A tenente do Corpo de Bombeiros Izadora Ledur de Souza Dechamps, deve ser afastada do cargo e monitorada por tornozeleira. Ela é acusada de torturar o aluno Rodrigo Patrício Lima Claro, que morreu no dia 15 de novembro do ano passado, depois de passar mal durante treinamento para curso de bombeiros. No último dia 27 a Justiça acolheu a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) contra a tenente e mais cinco militares.

“Recebo a denúncia oferecida pelo Ministério Público em face dos acusados Izadora Ledur de Souza, Marcelo Augusto Reveles Carvalho, Thales Emanuel da Silva Pereira, Dione Nunes Siqueira, Eneas de Oliveira Xavier e Francisco Alves de Barros, todos qualificados nos autos, por satisfazer os requisitos legais, vez que amparada em indícios de autoria e materialidade”, cita trecho de decisão da juíza Selma Rosane Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

Apesar de não acolher o pedido de prisão preventiva formulado pelo Ministério Público Selma impôs medidas cautelares a Ledur. Além da tornozeleira e da suspensão do cargo de tenente até o final da instrução, Izadora deve comparecer mensalmente em juíza. E ainda considerando que se trata de Tenente Bombeiro, que embora não ocupe função de alto escalão detém certa influência junto aos de cargo inferior, a juíza determinou que permaneça distante de quaisquer locais relacionados ao Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, inclusive da Secretaria de Segurança Pública, para evitar o risco de novas infrações. E proibição de manter contato com as testemunhas arroladas pelo Ministério Público sob qualquer hipótese.

Em relação ao pedido da prisão preventiva da tenente Ledur o Ministério Público afirma que estão presentes os requisitos para o decreto. Alega, também, que a não decretação da prisão preventiva gerará sensação de descrédito da justiça. “Com efeito, verifico que se trata de fato grave, que demonstra crueldade extrema por parte da Ten. Izadora e seu total desprezo pelo aluno vitimado. Porém, vejo que assiste razão à ilustre defesa”, diz Selma.

A defesa alegou que a acusada não está mais ocupando o cargo que lhe possibilitaria reiterar na conduta criminosa. O segundo, é o fato de que o crime ocorreu em 10 de novembro de 2016, mas somente agora, decorridos mais de oito meses do fato criminoso, é que o Ministério Público pugna pela decretação da prisão preventiva, sem justificar em nenhum momento o motivo pelo qual não o fez anteriormente, exceto porque a mídia teria dado amplo alcance.

O CASO - A denúncia do Ministério Público relata que o fato ocorreu no dia 10 de novembro de 2016 durante o treinamento do 16º Curso de Formação de Bombeiros realizado na Lagoa Trevisan em Cuiabá. O Ministério Público aponta que Rodrigo teria sido submetido a intenso sofrimento e castigo, o que foi confirmado em depoimento de outros alunos do curso. Apesar de pedir para os castigos serem findados, as sessões de torturas continuavam, sem intervenções de outros componentes da corporação.

Depois de reclamar de intensa dor de cabeça o aluno foi dispensado e obrigado a apresentar na corporação. Sem auxílio de uma ambulância ou de qualquer tipo de socorro, Rodrigo voltou sozinho pilotando a moto. Da corporação foi a Policlínica do Verdão, mesmo após ter sido medicado, a vítima continuou a passar mal. Com suspeita de AVC foi transferido ao Hospital Cuiabá. Lá foi internado, operado, mas morreu no dia 15 de novembro.

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