Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

GAZETA

MP quer fim dos tratamentos

terça-feira, 29 de agosto de 2017, 10h56

ELAYNE MENDES
DA REDAÇÃO

Após constatação de 24 irregularidades, denúncias de tortura, ameaça de morte, crimes sexuais contra menores, além da violação de ambientes de isolamento, o Ministério Público do Estado (MPE) ingressou com ação judicial pedindo o fechamento do Centro de Recuperação de Dependentes Químicos -JKR, instalado no bairro Parque Del Rey, em Várzea Grande.

Unidade é a mesma onde o músico Thiago Festa foi morto, em 2011, após ser obrigado por um policial civil a tomar um coquetel de medicamentos. Na ação proposta pelo promotor de Justiça Rodrigo de Araujo Braga Arruda, é acionada a proprietária da clínica, Maria do Carmo Ferraz Albues, o ex-policial civil e filho de Maria, Kleber Ferraz Albues, além do Município de Várzea Grande e Estado de Mato Grosso. Estes 2 últimos por encaminhar pacientes à clínica via Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com a ação, foram descobertas severas irregularidades que indicavam o despreparo técnico para o tratamento da dependência química, a inércia dos administradores e a falta de providências por parte dos órgãos responsáveis pela fiscalização e interdição do local. Fatos comprovados no último Relatório Técnico de Inspeção Sanitária, realizado no dia 8 de agosto do ano passado, foram constatadas 24 irregularidades, relacionadas às péssimas condições sanitárias e estruturais do centro de recuperação.

A investigação sobre as condutas dos profissionais atuantes e da estrutura da unidade teve início em 11 de julho de 2011, quando um ex-paciente que foi internado na unidade de Cuiabá e, posteriormente, na clínica de Várzea Grande, registrou 2 boletins de ocorrência contra o centro de recuperação.

Na denúncia, ele relatou que após ter uma crise de abstinência e ter se cortado com gilete, foi retirado do quarto e “sofreu torturas com saco plástico na cabeça, sufocando a respiração, amarrado os pés e as mãos trancado em um quarto escuro, e também foi agredido diversas vezes com chutes e socos”, cometidos por 3 funcionários da unidade, que chegaram a falar que se a cena se repetisse, ele seria morto.

O denunciante enfatizou que o gastrônomo do centro de reabilitação praticava sexo com menores internados no local, em troca de favores ou alimentos. Nos boletins de ocorrência, o expaciente conta que a clínica enganava os familiares dos internos fazendo propaganda de um ambiente que não existia e que a realidade era totalmente diferente. Ressaltou que era portador da síndrome do pânico, distúrbio bipolar, hiperatividade e tomava remédios controlados.

Porém, os funcionários da clínica, diversas vezes, não deram os medicamentos. Situação que não era possível sequer ser relatada aos familiares, pois não era permitido sair da clínica, nem fazer ligações e as visitas iniciaram após 30 dias de internação. O ex-paciente relatou que mesmo diante de torturas, ameaças e falta de medicamentos ainda ficou internado mais de 7 meses, quando conseguiu fugir com a ajuda de seu padrinho.

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