DIÁRIO DE CUIABÁ
Associação pede justiça à família Claro
sexta-feira, 01 de setembro de 2017, 14h17
RAYANE ALVES
Da Reportagem
A Associação dos Familiares Vítimas de Violência de Mato Grosso (AFVV) emitiu uma nota de apoio à família do soldado do bombeiro, Rodrigo Claro, que morreu depois de passar mal durante um treinamento da corporação, em novembro do ano passado. No documento divulgado à imprensa, a organização pede Justiça ao caso do aluno para que sirva de lição e impeçam futuros crimes de tortura.
Segundo a denúncia, Rodrigo passou mal em uma atividade aquática para a 16ª edição do Curso de Formação de Soldado Bombeiro do Estado de Mato Grosso, na Lagoa Trevisan, em Cuiabá. Porém, o presidente da Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar de Mato Grosso (Assof-MT), tenente-coronel Wanderson Nunes de Siqueira, negou o envolvimento da tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, acusada de torturar o aluno durante as atividades do curso.
A Assof-MT confirmou que no treinamento, não foi registrado nenhum incidente do tipo “afogamento, torções ou fraturas, a não ser, um mal súbito em Rodrigo Claro, que dizia sentir dores de cabeça e que por isso, foi autorizado às 15 horas, retornar para o quartel do Bombeiro localizado no bairro Verdão em Cuiabá”.
“Se não fosse após o treinamento de salvamento aquático, infelizmente o aluno soldado BM Rodrigo poderia vir a óbito ou sofrer sequelas provenientes de um AVC dormindo, correndo, realizando uma refeição ou praticando um esporte”, afirmou a Assof. No entanto, a AFVV criticou a conduta da Assof-MT ter emitido a nota para afirmar que a tenente não teve envolvimento no caso. Para a instituição, o órgão foi tendencioso e corporativo.
"Ela é apresentada de forma 'tendenciosa e corporativa', querendo sobrepor à denúncia recebida pelo Poder Judiciário de Mato Grosso, sendo que o certo seria a Assof-MT exigir apuração imparcial e justa com condenação ou absolvição respeitando o devido processo legal", criticou associação.
Ainda no documento, a AFVV justificou que a nota pública não foi para pedir a condenação da tenente e sim que as regras legais sejam aplicadas. “Aplicar as regras legais para que a justiça seja feita e não mais permitir que a omissão e benevolência das leis continuem a pulverizar treinamentos violentos e excessivos aplicados por Oficiais Superiores", finalizou a nota. A reportagem entrou em contato com a família Claro para saber a avaliação da última nota. Neste caso, a mãe do soldado Jane Claro, agradeceu o apoio da associação e ainda afirmou que os familiares estão clamando por Justiça.
"Agradeço a associação pelo apoio, colaboração e compreensão em busca da verdade. Durante toda essa caminhada nos deparamos com muitos dissabores, pessoas que aproveitaram deste momento triste para nós como família para se autopromoverem, mais acreditamos na Justiça terrena e mais ainda na de Deus. Seguimos decepcionados cada dia mais com a instituição do Corpo de Bombeiros".
CASO - Rodrigo passou mal durante o curso de salvamento em mergulho. Ele foi retirado do campo do curso e levado ao Batalhão reclamando de fortes dores na cabeça. Nisso, foi encaminhado primeira à policlínica. E até o dia da morte ficou em coma induzido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Hospital Jardim Cuiabá.
Já no começo do mês de agosto, o Ministério Público Estadual (MPE) recorreu da decisão da juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda e reforçou o pedido novamente de prisão a Ledur, que foi acusada pelo crime de tortura. Além dela, outros militares também foram denunciados. No entanto, apenas Ledur foi alvo de pedido de prisão.