Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

GAZETA

Gaeco denuncia 53 membros

segunda-feira, 11 de setembro de 2017, 15h59

SILVANA RIBAS
DA REDAÇÃO

Facção criminosa Comando Vermelho (CV) de Mato Grosso tem 53 membros denunciados pelo Ministério Público por crimes de roubo, receptação, adulteração de sinal identificador de veículo automotor, tráfico de drogas, estelionato, lavagem de dinheiro e corrupção de menores.

A denúncia do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) foi feita com base na investigação da Polícia Civil, realizada ao longo de 5 meses, onde um agente se infiltrou digitalmente em um grupo de aplicativo de celular, intitulado “Marreta Progresso 157” e acompanhou as ações do CV-MT, a partir de março deste ano.

Em decorrência da investigação foi desencadeada a operação “Ares Vermelhos”, com a prisão de mais de 50 criminosos, no dia 17 de agosto. O inquérito da Delegacia Especializada em Roubos e Furtos de Veículos Automotores (Derfva) resultou em 12 volumes de 200 páginas cada e 800 páginas de relatório de interceptações telefônicas, somadas às 100 páginas de relatório técnico com base nas conversas de whatsapp.

A denúncia foi oferecida nesta terça-feira (5) contra 53 dos 56 indiciados pela Polícia Civil e, segundo o MP, está é a quinta ação que identifica a atuação do CV, dentro e fora das unidades prisionais do Estado desde 2013. Durante as investigações, foi constatado que as ordens para a prática dos crimes partiram de dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE), que funciona como escritório do crime organizado.

O grupo, conforme o MPE, tem como líderes Luciano Mariano da Silva, vulgo “Marreta”, Robson José Pereira de Araújo, o “Carcaça”, Edmar Ormeneze, mais conhecido como “Mazinho” e Wagner da Silva Moura, o “Belo”. Os 4, que cumprem pena na PCE, são responsáveis por promover, cooptar, orientar e determinar por meio de aparelhos celulares a prática de crimes objetivando capitalizar a facção no Estado.

A maioria das ocorrências tem a participação de adolescentes. Os crimes foram registrados em Cuiabá e em municípios vizinhos, mas também há ocorrências em outros estados e, até mesmo, em outros países. A ousadia do grupo era tanta que foi criada uma empresa de “fachada” comandada pela irmã de um dos líderes para receptar e adulterar os veículos roubados, bem como a documentação.

Entre fevereiro e março deste ano, por exemplo, foram roubados, mediante emprego de arma de fogo, 17 veículos. Nos áudios monitorados durante a investigação um dos membros dizia que o CV roubava mais veículos do que as concessionárias conseguiam vender. Os registros mostram a atuação do CV desde a encomenda dos roubos, execução, venda, lavagem do dinheiro e compra de drogas e armas na região de fronteira, tendo os veículos como moeda de troca.

A organização do grupo pode ser vista em um dos diálogos onde um líder informa a um dos membros associados ao CV que basta pagar uma mensalidade de R$ 30 que na primeira parcela já terá acesso aos empréstimos. Que “poderá fazer empréstimos a hora que quiser, mas que terá 30 dias para quitar a dívida e serão cobrados 10% de juros”. Robson José, o “Carcaça” comenta que existe uma tabela de controle, na qual ficam públicos aos membros do grupo todos aqueles que colaboram com a mensalidade.

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