GAZETA
Agente do Gaeco vaza informações
segunda-feira, 18 de setembro de 2017, 10h43
GLÁUCIO NOGUEIRA
DA REDAÇÃO
Um policial militar foi preso, nesta sexta-feira (15), por agentes do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) durante a terceira fase da Operação Convescote. Franckciney Canavarros Magalhães, lotado no próprio Gaeco, é acusado de ter repassado a um dos investigados informações sobre a apuração, de forma a obstruir as apurações em curso, além de ter solicitado vantagem indevida.
O mandado foi expedido pela 7ª Vara Criminal e Magalhães, após ser detido, foi encaminhado para uma unidade prisional. Conforme o Gaeco, o caso começou a ser apurado após a primeira fase da Convescote, diante das suspeitas de um foco de vazamento de informações sigilosas no curso da investigação.
Os delegados e promotores de Justiça que integram o grupo constataram indícios de que o militar tentou vender informações sigilosas que favoreceriam a organização criminosa desmantelada com a investigações, a Hallan Gonçalves de Freitas, também investigado no caso, o que trouxe prejuízos para apuração dos fatos.
Após identificar o desvio de conduta do policial, o próprio Gaeco pediu ao Juízo da 7ª vara Criminal da Capital a sua prisão preventiva e busca e apreensão em razão dos crimes supostamente praticados. Os mandados foram expedidos pela Justiça de Mato Grosso e cumpridos pelo próprio Gaeco nesta sexta-feira (15).
“O caso demonstra que qualquer investigação ou ação do Gaeco é impessoal e respeitadora do Estado de Direito, e que o enfrentamento do crime organizado é medida obrigatória e permanente, independentemente dos envolvidos”, disse Marcos Bulhões dos Santos, promotor de Justiça e coordenador do Gaeco.
Bulhões destacou que o caso trouxe preocupação ao Gaeco. “Isso preocupa por dois motivos. O primeiro é saber se isso ocorreu apenas neste caso ou se isso ocorreu em outras de nossas ações, algumas sigilosas, inclusive. O segundo é que isso é altamente prejudicial ao trabalho de investigação, porque algo assim atrapalha bastante. O caso fica como exemplo, porque se for necessário, cortaremos na própria carne, como fizemos”.
A primeira fase da Operação Convescote foi deflagrada em junho deste ano e desarticulou um esquema de desvio de dinheiro dos cofres da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Contas do Estado (TCE) por meio de convênios firmados com a Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual (Faespe). Segundo o Gaeco, mais de R$ 3 milhões em recursos públicos foram desviados entre os anos de 2015 e 2016.
O grupo utilizava empresas de fachada para receber os recursos oriundos destes convênios e devolviam a maior parte para os líderes do esquema. Dez dias depois, o Gaeco deflagrou a segunda fase para obter mais informações. As investigações sobre o caso, inclusive para apurar a existência de pessoas com prerrogativa de foro por função, prosseguem.