Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

GAZETA

Silval revela extorsão por parte de jornalista

terça-feira, 19 de setembro de 2017, 10h24

CELLY SILVA E GLÁUCIO NOGUEIRA
DA REDAÇÃO

O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) afirmou em juízo ter sido chantageado pelo jornalista Antônio Carlos Milas. O político, que fez sua primeira aparição pública desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou seu acordo de colaboração, foi ouvido na condição de testemunha do juízo nesta segunda-feira (18), na ação penal decorrente da Operação Liberdade de Extorsão.

A audiência foi realizada na 7ª Vara Criminal de Cuiabá e presidida pela juíza Selma Rosane Santos Arruda. Silval relatou que Milas começou a procurá-lo insistentemente no ano de 2013 tentanto extorquí-lo em troca da não publicação de uma matéria que tratava sobre a aquisição de uma fazenda que o então governador teria comprado do conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Antônio Joaquim.

‘Eu não cedi e a matéria foi publicada’, diz Silval, que acrescentou que um amigo dele, o empresário Wanderley Fachetti também estava sendo procurado pelo jornalista á época. Diante da insistência do jornalista, que teria cobrado R$ 1 milhão, o então governador aceitou pagar, de forma parcelada, R$ 700 mil. A operação do repasse do dinheiro a Milas era feita, segundo Silval, pelo ex-secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf.

O dinheiro teria saído de diversos esquemas de corrupção que teriam ocorrido na gestão do peemedebista. Ele se limitou a dizer que R$ 200 mil, sendo R$ 100 mil em cheque e R$ 100 mil em espécie, saíram do retorno recebido pela desapropriação do bairro Jardim Liberdade, ocorrida no ano de 2014.

Silval salientou que no início relutou em aceitar ser extorquido, mas que depois acabou aceitando também por insistência do então deputado estadual José Riva e também para evitar escândalos em seu governo, principalmente porque as matérias que o jornalista dizia que iria publicar tratavam de esquemas de corrupção que realmente ocorreram em sua gestão.

Advogado do jornalista, Eduardo Mahon afirmou, ao final do depoimento de Silval, que a oitiva é nula. “Por quê? Porque ele mentiu? Por que ele falou a verdade? Nada disso. Ele já tinha dado um depoimento. Ele tecnicamente é considerado, neste processo, vítima de extorsão. Quando ele celebra um acordo, que tem conhecimento que pode ser rescindido, ele disse uma outra versão como colaborador”.

Mahon destacou que irá fazer um novo pedido de suspeição contra Selma, por entender que a 7ª Vara Criminal é incompetente para tratar do caso. “Vamos insistir na incompetência da vara. Ministério Público não pode ter vara de estimação! Acusação não pode ter juiz de estimação”, disse.

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