GAZETA
Turim nega envolvimento
quarta-feira, 04 de outubro de 2017, 10h31
GLÁUCIO NOGUEIRA
DA REDAÇÃO
O promotor de Justiça Roberto Turim negou ter mantido qualquer tipo de contato com os militares suspeitos de participação em uma tentativa de atrapalhar as investigações sobre um suposto esquema de interceptações clandestinas no âmbito da Polícia Militar. Presidente da Associação Mato-grossense do Ministério Público (AMMP), ele saiu em defesa da instituição e afirmou que o fato de criticar ou se opor a qualquer decisão judicial não significa uma defesa dos acusados implicados por ela.
Turim, que é o responsável por investigar os envolvidos na chamada ‘Grampolândia Pantaneira’ na esfera cível, teve o nome citado pelo ex-secretário-chefe da Casa Militar, o coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco, atualmente preso. O oficial teria afirmado que tentaria aliciar o promotor para que ele atrapalhasse as investigações.
A tentativa de obstrução à Justiça desencadeou a Operação Esdras, que resultou na prisão de oito pessoas, incluindo o militar. ‘Nenhum deles me procurou, nenhum familiar, nenhum advogado, ninguém. Não sei quando esta conversa que teria havido foi produzida, se o inquérito já tinha sido insaturado, se foi recente ou não. Do momento da instauração do inquérito até agora não fui procurado por ninguém’, destacou, classificando a conversa em que teve o nome citado como ‘papo de boteco’.
Do mesmo modo que descartou a existência de qualquer tipo de plano contra a investigação, Turim rechaçou a possibilidade de que manifestações contrárias às decisões do desembargador Orlando Perri tenham como pano de fundo proteger o grupo. ‘Não podemos confundir. Quando um promotor de Justiça questiona em uma audiência do Tribunal se o juiz A ou B é competente ou não, tecnicamente, para julgar aquela matéria, não significa que ele está de acordo com o criminoso ou o grupo criminoso que está sendo investigado’.
A postura, segundo ele, visa resguardar a prerrogativa do Ministério Público Estadual (MP) de seu livre exercício. ‘A preocupação é com os eventuais desrespeitos a isso que podem ocasionar nulidades processuais futuras. Isso também pode tornar o MP desconhecedor das provas que estão sendo produzidas’.
O promotor explicou suas críticas ao fato de Perri não ter aberto vistas ao MP nas representações que resultaram nas prisões da Operação Esdras sob a alegação de que integrantes do órgão também fariam parte do esquema. ‘A defesa da instituição está sendo feita para defender as prerrogativas do MP e o andamento regular do processo. Eu não posso colocar sob suspeita uma instituição toda por conta de uma conduta nem delimitada ainda de A ou B’.