GAZETA
Juíza vai processar cabo da PM
quinta-feira, 19 de outubro de 2017, 10h09
GLÁUCIO NOGUEIRA
DA REDAÇÃO
A juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda, afirmou que irá acionar judicialmente o cabo Gérson Luiz Ferreira Corrêa Júnior. Em depoimento prestado à Polícia Civil, o militar, preso desde maio deste ano por suposta participação em um esquema de interceptações telefônicas clandestinas, citou o nome da magistrada e do ex-coordenador do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), Marco Aurélio Castro, como responsáveis por montar uma “estória cobertura” para possibilitar a interceptação do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e do ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva.
Selma classificou a versão dada pelo militar como uma armação. Ela lembrou que a oitiva do cabo ocorreu na última segunda-feira (16), quando já era pública uma decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Mauro Campbell, avocando todas as investigações. A notificação oficial chegou ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) horas depois do depoimento. “Para mim, eu tenho que isso é uma armação plantada propositalmente, não sei por que, um dia antes do inquérito subir para o STJ.
A gente mexe com interesses muito grandes, tanto eu quanto o Gaeco. Alguma coisa tem por trás disso que quer nos desmoralizar, de alguma forma tirar a credibilidade do nosso trabalho. Não sei que credibilidade ele tem para falar isso. Ele que trate de provar o que está dizendo porque eu vou processá-lo. Isso ele pode ter certeza, que ele arrumou mais um processo para ele”, destacou a magistrada. Ainda segundo Gerson, a própria magistrada lhe passou as informações sobre o atentado.
No entanto, para “poupá-la” de ser indicada como fonte da informação, teria havido a montagem da história. ‘Segundo o interrogado Gerson Correa, a Drª Selma Arruda foi quem lhe passou as informações sobre essa trama, as quais lhe foram levadas por uma assessora de outra vara desta Comarca, cujos suspeitos eram o ex-governador Silval Barbosa e o ex-deputado estadual José Riva; para poupá-la de ser implicada como a fonte da informação, houve a montagem dessa estória cobertura com o conhecimento dela’, diz trecho do depoimento.
Selma pontuou que embora não tenha lido o depoimento do militar, uma vez que o caso está sob sigilo, as afirmações feitas por Gerson não fazem sentido. “Não vi nenhum sentido no que ele falou. Já recebi várias ameaças e já informei ao Gaeco, mas não teria motivo pra inventar histórias. Eu trabalho com a verdade e contra a verdade não há argumento”. Por meio de nota, O Gaeco repudiou qualquer tentativa de envolvimento de promotores de Justiça que integram ou integraram o Grupo no “escândalo dos grampos”.
Ressaltou, também, ter “estranhado” o fato do militar ter prestado depoimento após a decisão do STJ, requisitando toda a investigação. Por fim, enfatizou que o Gaeco sempre atuou pautado na legalidade e que tem importantes serviços prestados à sociedade e que ataques dessa natureza contra integrantes do Ministério Público e do Poder Judiciário apenas fortalecem o crime organizado. Após o depoimento, os delegados Ana Cristina Feldner e Flávio Stringuetta, que conduziam as investigações, formularam pedido de revogação de prisão preventiva do cabo. A solicitação de revogação foi encaminhada ao desembargador Orlando Perri, mas ele não deve analisar o caso. (Com informações de Karine Miranda e Celly Silva)