GAZETA
Justiça estende investigação
sexta-feira, 23 de março de 2018, 14h06
DA REDAÇÃO
A Justiça de Mato Grosso determinou a abertura de investigação contra cinco deputados estaduais suspeitos de terem recebido dinheiro fruto do esquema revelado na Operação Bereré. Com isso, passam a figurar como investigados, ao lado do presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho, e de Mauro Savi, os parlamentares Baiano Filho (PSDB), Wilson Santos (PSDB), Romoaldo Júnior (MDB), José Domingos Fraga (PSD) e Ondanir Bortolini, o Nininho (PSD). O despacho autorizando a extensão da investigação é do desembargador José Zuquim Nogueira, que atendeu a pedido do Ministério Público Estadual (MP).
Por terem prerrogativa de foro, os deputados só podem ser investigados mediante autorização da Justiça. Delegados e promotores que cuidam do caso apresentaram indícios contra os políticos da suposta prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O MP apresentou oitivas de servidores e exservidores do Legislativo, além de um empresário, todos identificados após a quebra de sigilo bancário de pessoas ligadas às empresas FDL Serviços e Santos Treinamento, que supostamente atuaram para desviar recursos oriundos de tarifas pagas ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran) para políticos e outros agentes públicos.
O teor dos depoimentos foi revelado pelo Jornal A Gazeta na edição de 15 de março. Testemunhas disseram ter sacado ou recebido cheques e transferências a mando dos cinco deputados agora investigados. “A análise dos depoimentos em confronto com as demais provas constantes nos autos indica a possibilidade de que as pessoas receberam dinheiro pago pela FDL, atualmente EIG Mercados, a título de propina a agentes públicos integrantes da organização criminosa”, destaca o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco). Ao autorizar a abertura da investigação, o desembargador José Zuquim considerou que os indícios apresentados justificam a extensão da apuração em relação aos cinco parlamentares.
Com isso, os políticos deverão ser intimados a prestar esclarecimentos sobre os fatos apurados, o que deverá ocorrer nos próximos dias. Deflagrada em 19 de fevereiro, a Operação Bereré apura um esquema de desvio de recursos do Detran, por meio de um contrato de concessão dos serviços de registro de contratos de financiamento de veículos. Conforme o MP e a Polícia Civil, parte do valor pago pelos contribuintes era desviado por meio de uma empresa de fachada. Os responsáveis pela investigação afirmam que pelo menos R$ 27 milhões foram desviados e a Justiça já determinou o bloqueio de bens dos investigados.