Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

Gaeco aponta 41 pessoas no esquema

terça-feira, 15 de maio de 2018, 10h01

KAMILA ARRUDA
Da Reportagem

O Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) encerrou nesta segunda-feira (14) a fase de oitivas da inquérito referente a Operação “Bônus”, segunda fase da Operação Bereré. No total, foram ouvidos seis pessoas. 

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Eduardo Botelho (DEM) foi o último a prestar depoimento. De acordo com o chefe do Gaeco, promotor Marcos Bulhões, não há previsão de novas oitivas. 

“O interrogatório é o momento em que todo o investigado tem de dar sua versão. Então, tudo que a pessoa diz é colado no papel. Aí, cabe a pessoa trazer demonstração daquilo que ele está dizendo”, explicou. 

Ele afirma que a partir de agora será feita a análise de todo material produzido. “Agora temos que avaliar tudo que foi produzido e verificar se existe alguma diligência para ser feita ou não, mas até o final desta semana teremos uma posição quanto a isso”, disse. 

Além de Botelho, também foram ouvidos pelo Gaeco o ex-secretário chefe da Casa Civil Paulo Taques, seu irmão Pedro Jorge Zamar Taques, o deputado estadual Mauro Savi (DEM) e os empresários José Kobori e Claudemir Pereira dos Santos. 

Todos foram presos na última quarta-feira (09) durante a segunda fase da Operação Bereré. Eles são acusados de obstrução de justiça, uma vez que estariam forjando documentos para dar ar de legalidade ao esquema criminoso instalado no âmbito do Departamento Estadual de Transito (Detran), o qual desviou aproximadamente R$ 30 milhões dos cofres públicos. 

No total, 41 pessoas estão envolvidas no esquema. Dentre elas estão sete deputados estaduais, sendo eles José Domingos Fraga (PSD), Wilson Santos (PSDB), Baiano Filho, Nininho (PSD), Romoaldo Júnior (MDB), Mauro Savi (DEM) e Eduardo Botelho (DEM). 

Funcionários públicos e empresários também se utilizavam do contrato da empresa EIG Mercados junto ao Detran para lavagem de dinheiro e recebimento de propina. 

Conforme o Gaeco, a organização criminosa era formado por quatro núcleos: de liderança, operação, subalterno e autônomo. Neste sentido, são considerados líderes do esquema os deputados estaduais Mauro Savi e Eduardo Botelho, o ex-deputado federal Pedro Henry, o ex-governador Silval Barbosa, o ex-presidente do Detran-MT, Teodoro Moreira Lopes (Dóia) e pelo ex-secretário da Casa Civil, Paulo Cesar Zamar Taques, primo do governador Pedro Taques (PSDB). 

BOTELHO - O presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Eduardo Botelho (DEM), reconhece que o fato de estar sendo apontado como um dos líderes de um esquema criminoso que desviou milhões dos cofres públicos, irá refletir no seu projeto de reeleição em outubro deste ano. 

“Tudo que sai atrapalha, lógico que atrapalha, isso e inegável. Agora, as pessoas que me conhece, que sabe da minha índole, que me acompanharam durante toda minha vida, trabalhando, sabe do meu caráter, da minha dignidade e isso não vai mudar”, disse. 

Botelho figura entre os investigados na Operação Bereré devido ao fato de ter sido sócio da Santos Treinamentos entre os anos de 2009 e 2013. 

Segundo o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), a empresa, que seria de “fachada” foi utilizada para “lavar” a propina recebida por agentes públicos no contrato entre o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e a empresa FDL Serviços (atual EIG Mercados). 

Por conta disso, ele foi alvo de busca e apreensão na primeira Fase da Operação Bereré, deflagrada em fevereiro passado. “A empresa não era de fachada, isso eu garanto”, enfatizou o parlamentar. 

Em depoimento prestado junto ao Grupo de Atuação contra o Crime Organizado (Gaeco) na manhã desta segunda-feira (14), Botelho negou que tenha envolvimento no esquema. O deputado afirma que detalhou aos promotores a sua participação na empresa Santos Treinamento. 

“Foi esclarecido tudo. Fizeram um levantamento de todos os cheques que saíram das minhas contas e eu expliquei um por um desses cheques. Foi tudo esclarecido para eles, a questão da minha entrada na empresa, que eu entrei como investidor, não tinha gerência, não participei de nada, apenas entrei como investidor e não participei de recebimento”, disse o democrata ao deixar a sede do Gaeco após cerca de três horas de depoimento. 

Na segunda fase, Batizada de Operação “Bônus”, o Ministério Público chegou a pedir o afastamento do deputado da função de presidente. O pedido, entretanto, foi negado pelo desembargador José Zuquim Nogueira. 

O democrata foi citado na delação de José Ferreira Gonçalves Neto, um dos sócios proprietários da EIG Mercados Ltda. Conforme depoimento do empresário, Botelho teria articulado junto aos sócios da EIG um pagamento para o empresário Roque Anildo Reinheiner, preso nesta segunda fase da operação. 

“Eu recebi esse diretor da empresa muito rápido, e eu disse para ele, fui bem claro com ele, recebi ele em pé inclusive, porque estava saindo, ele se apresentou para mim dizendo que era dono da empresa e o Roque disse que ia trabalhar com ele, e eu disse para ele que se ele achar que o Roque serve, a referência dele é boa. Foi só isso, a conversa nossa foi essa, eu disse eu não quero nada mais, não quero saber nada mais desse contrato”, explicou o deputado. 

PRISÃO MAURO SAVI – No que diz respeito a possibilidade de o Parlamento Estadual vir a votar a manutenção ou não da prisão do deputado estadual Mauro Savi, o presidente voltou a dizer que não irá conduzir e nem se envolver neste processo. 

“O 1º vice ou o 2º vão tocar essas questões. Mas, o que deve ser feito o procurador que tem autonomia para isso”, frisou.
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