GAZETA
‘Declarações fora de contexto'
terça-feira, 16 de julho de 2019, 16h13
PABLO RODRIGO
DA REDAÇÃO
O Coordenador do Nú-cleo de Ações de Competên-cia Originária (Naco Crimi-nal), o procurador Domingos Sávio, emitiu nota nesta se-gunda-feira (15) alegando que as suas declarações con-tidas na reportagem de A Gazeta no último do domin-go (14), foram produzidas ‘completamente fora do con-texto’, de como foram ditas.De acordo com o procura-dor, a sua declaração durante o depoimento do cabo da PM Gerson Corrêa Júnior, de que as informações do militar se-riam ‘cheio de detalhes, mi-núcias e com um monte de provas’, seriam de fato ver-dadeiras, porém, ‘tão somen-te, a um dos fatos trazidos por esse militar no seu pedi-do de colaboração premiada, qual seja, acerca de uma su-posta divulgação (exposição) na imprensa de vídeos e áu-dios gravados em operações realizadas pelo Gaeco, visan-do atender conveniência ju-rídica’, diz trecho da nota.
No entanto, a nota apenas coaduna com a reportagem publicada no último domin-go (14), de que as frases ditas por Domingos Sávio são ver-dadeiras, e que as declara-ções ocorreram dentro do contexto do vídeo a que a reportagem teve acesso.Na reportagem questiona-da por Sávio, o texto diz que: ‘Domingos Sávio aparece bastante convencido das in-formações colhidas, chegan-do a afirmar que não teria mais dúvidas sobre o esque-ma de interceptações telefô-nicas, em que o Grupo de Atuação Especial de Comba-te ao Crime Organizado (Gaeco) manipulava áudios e vídeos em suas próprias ope-rações’, diz o 2º parágrafo da reportagem publicada na edição do dia 14 de julho.As declarações do procu-rador em dizer que parece bastante convencido das in-formações colhidas foram ci-tadas no fato 5, dentro da proposta de acordo de cola-boração do cabo Gerson Cor-rêa e que constam na própria decisão do procurador Do-mingos Sávio, quando ele rejeitou a proposta de acordo no último dia 5 de julho, sob alegação de que ‘o interessa-do apresentou apenas insi-nuações, conjecturas, não indicando nada de concreto’.
O fato 5, segundo o pró-prio coordenador do Naco era sobre ‘manipulação se-letiva de áudios e vídeos em operações do Gaeco’, a mesma informação contida na reportagem, que foi pu-blicada de acordo com o despacho que negou a dela-ção e o depoimento presta-do pelo militar.A nota do procurador Do-mingos Sávio ainda diz que as supostas alegações do cabo Gerson, em manipula-ção de áudios e vídeos pelo Gaeco em operações, não se-riam crime, e afirma que ‘mera exposição de pessoas sendo presas e de cumpri-mento de mandados judi-ciais não constitui crime’.
No entanto, os fatos tra-zidos pelo cabo Gerson, também versam sobre ope-rações sigilosas do próprio Ministério Público, e tais manipulações de áudios e vídeos, e que a imprensa publicou após vazamento, deixam claro a violação de sigilo profissional.Na nota, o procurador Domingos Sávio ainda diz que o trecho explicitado pelo cabo Gerson Corrêa, onde o próprio procurador disse não ter dúvidas a es-clarecer relativamente a esse fato, não tem nenhuma ligação com as investigações da ‘grampolândia pantanei-ra’, e que isso teria sido um dos motivos para que o acor-do não fosse celebrado.‘Portanto, o procurador de Justiça Domingos Sávio em nenhum momento afir-mou, como deixou transpa-recer a reportagem, que esta-ria convencido da participa-ção de membros do Ministé-rio Público de Mato Grosso no esquema de interceptação telefônica ilegal conhecido como Grampolândia Panta-neira’, finaliza a nota.