GAZETA
MP acusa Paulo Taques de 2 crimes
terça-feira, 16 de julho de 2019, 16h16
PABLO RODRIGO
DA REDAÇÃO
O procurador-geral de Justiça, José An-tônio Borges, denunciou o ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques, por crimes de in-terceptações de comunicações telefônicas sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei, e denunciação ca-luniosa. A denúncia foi aditada nesta se-gunda-feira (15) em um dos inquéritos da ‘grampolândia pantaneira’.De acordo com a denúncia, Paulo pediu para investigar Tatiane Sangalli Padilha e Caroline Mariano, levadas a efeito no bojo das Operações Forti/Pequi e Querubim.Segundo as apurações, Tatiane foi amante do ex-secretário entre 2009 e o início de 2015, quando ele assumiu a che-fia da Casa Civil.
‘Durante a campanha para o governo do Estado em 2014, conforme é de amplo co-nhecimento da sociedade mato-grossense e, quiçá, brasileira, fora montado um escri-tório para realização de interceptações na modalidade ‘barriga de aluguel’, caso que passou a ser denominado ‘grampolândia pantaneira’, cita a denúncia. Consta nas investigações que durante a transição de governo, Tatiane perdeu o cargo de assistente de gabinete e, então, no início da gestão de Pedro Taques passou a cobrar de Paulo Taques o cargo, o que fora por ele negado, levando, portanto, ao tér-mino do relacionamento.Ainda de acordo com as apurações, Tatiane continuava procurando Paulo Ta-ques cobrando o pagamento da parcela de um veículo Renault Duster, no valor de R$ 1 mil, que o acusado havia se compro-metido a arcar.
Ela aparecia em eventos oficiais, o que incomodava o então secre-tário da Casa Civil.Diante da situação, segundo a denún-cia, Paulo Taques se valeu do prestígio que ocupava e comunicou falsamente ao então secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, de que o governador à epoca corria risco de morte.DelegadasJá em relação às delegadas Alana Car-doso e Alessandra Saturnino, o procura-dor-geral José Antônio Borges arquivou a denúncia contra ambas. Borges entendeu que elas teriam sido induzidas ao erro por conta das informações falsas dadas pelo então chefe da Casa Civil Paulo Taques, e por isso teriam inserido os números das vítimas do esquema de arapongagem co-mandada pelo secretário.
Porém, o chefe do Ministério Público entende que as delegadas, assim como Paulo Taques, podem ter cometido atos de improbidade administrativa, e que isso de-verá ser analisado em um novo inquérito, para analisar ‘as condutas de Alana Darlene Sousa Cardoso e Alessandra Saturnino de Souza Cozzolino, bem como de Paulo Ta-ques, que pode resultar na propositura da respectiva ação,ou a promoção específica de arquivamento’.Operações Forti e QuerubimSegundo as investigações, Alana Car-doso coordenou, em 2015, a Operação Forti, cujos principais alvos seriam pesso-as em associação com o Primeiro Coman-do da Capital (PCC) e o Comando Verme-lho de Mato Grosso.Porém, na lista de pessoas interceptadas nessa operação também estavam as ex-ser-vidoras Tatiana Sangalli Padilha e Caroline Mariano dos Santos.
Responsável pelos principais processos de combate à corrup-ção e ao crime organizado em Mato Grosso, a então juíza Selma Rosane Arruda, titular da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, foi quem deu autorização para interceptar Ta-tiana e Caroline, em 26 de fevereiro de 2015. No entanto, as ex-servidoras eram identificadas como ‘Dama Lora’ e ‘Amigui-nha’, respectivamente.Essa operação investigou, sob sigilo, um suposto plano de uma organização crimino-sa que estaria vinculada ao ex-comendador João Arcanjo Ribeiro e pretendia armar contra a vida do então governador do Esta-do, Pedro Taques (PSDB).
Outro lado - Procurado por A Gazeta, o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques afirma que desconhece o teor da denúncia, mas considera um ‘absurdo’ o MP denunciá-lo e poupar as delegadas, que teriam confessado o crime. E faz uma analogia: ‘é como se eu pedisse a elas que assaltassem um banco porque precisavam de dinheiro para pagar o resgate de um familiar. E elas assaltassem, e depois argumentariam que eu menti sobre o sequestro’. Taques finaliza, dizendo que nunca pediu para que as delegadas fizessem interceptação telefônica.