GAZETA
MPE investiga ‘verbas secretas’
quarta-feira, 17 de julho de 2019, 10h26
LÁZARO THOR BORGES
DA REDAÇÃO
O Ministério Público de Mato Grosso anunciou, nesta terça-feira (16), que vai investigar administrativamente os fatos narrados pelo cabo Gerson Corrêa. O anún-cio foi feito pela assessoria de imprensa do órgão, no mesmo horário em que o coronel Zaqueu Barbosa prestava depoimento na Justiça Militar sobre o escândalo da grampolândia pantaneira. Gerson Corrêa contou, em seu depoimen-to, que o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) utilizava ‘ver-bas secretas’ para subsidiar ações. O dinhei-ro público, que vinha de sobra de recursos do orçamento, era também drenado para o bolso de membros do grupo, segundo o cabo.
O procurador-geral, José Antônio Borges, determinou a instauração de procedimento administrativo para averiguar se há proce-dência nas afirmações do réu. Segundo a assessoria do MP, as verbas são destinadas a cobrir despesas operacionais em procedi-mentos investigatórios reservados que exi-gem sigilo, porém há um controle do seu uso por meio de prestação de contas.Em despacho à diretoria-geral da Procu-radoria-Geral de Justiça, o procurador solici-ta que seja informado se há existência de eventual apontamento acerca de irregulari-dade na prestação de contas do Gaeco no período e, em havendo, que medidas admi-nistrativas sejam tomadas para apuração dos fatos.
Ele consulta ainda sobre a existência de atos e/ou instruções normativas que regu-lamentem a utilização desses recursos.Também é solicitada à diretoria-geral a informação se havia elo funcional entre o Ministério Público Estadual e Mirela Ojeda nos anos de 2015 e 2016, uma vez que a re-ferida pessoa é citada pelo cabo Gérson como uma das responsáveis pelo controle das verbas secretas do Gaeco à época.“Ademais, em caso de inexistência de apontamentos de irregularidade sobre a prestação de contas , determino desde já a verificação de regularidade das contas prestadas referentes àquelas verbas, to-mando-se como referência o período com-preendido entre julho de 2015 e junho de 2016”, conclui o procurador José Antônio Borges em seu despacho.
A abertura de investigação não in-cluiu, porém, outras informações relata-das por Gerson. Ao todo, o cabo relata 9 fatos que ocorreram quando ele trabalha-va com o grupo de investigação especial em que há suspeitas de irregularidades (leia matéria abaixo).A delação de Gerson Barbosa foi rejeitada pelo Ministério Público em um movimento que a defesa do militar argumenta se tratar de receio de promotores em investigar seus ‘entes queridos’. O órgão, porém, acredita que Gerson não trouxe ‘fatos novos’ em seus relatos. (Com informações de assessoria)@lazaro@gazetadigital.com.br