GAZETA
Inicia hoje restauração do imóvel
quarta-feira, 24 de julho de 2019, 15h50
NATÁLIA ARAÚJO
DA REDAÇÃO
Madeiras ocupando a calçada escoram o pouco da estrutura que ainda resta da casa de Bem Bem. A imagem atrai olhares e gera críticas pelo fato de um dos principais patrimônios históricos de Cuiabá estar tão deteriorado. Os trabalhos para a restauração começam hoje (24) e a comunidade espera ver o imóvel, de novo, em boas condições. “Eu brincava naquele quintal, com os filhos de Bem Bem, fazíamos bolinho de terra”, lembra Ana Lia de Freitas, 79, uma das vizinhas da casa. “É triste ver tudo assim, era tão bonito antes”, diz a idosa. A imagem desagrada também o empresário Raniery Queiroz, 40, que trabalha em frente à casa.
“O centro histórico tem que ser bonito. A preservação é muito importante”, avalia.O imóvel já foi um local de reuniões e festas realizadas por Constança Figueiredo Palma, conhecida como Bem Bem. A cuiabana morreu em 1990 e a família cedeu a casa em comodato para o poder público para que fosse criado um centro cultural. Porém, os anos se passaram e, desde 2017, o local tem sofrido com a depredação e as ações climáticas. A casa perdeu o telhado, parte do muro lateral desmoronou e, no passado, a fachada também caiu. Em dezembro de 2018, a Prefeitura de Cuiabá e o Ministério Público do Estado (MPE) firmaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para a realização da restauração.
A expectativa, à época, era que as obras começassem o quanto antes. Porém, não foi o que aconteceu. “Emitiram uma ordem de serviço para fazer a reforma, mas não fizeram nada”, reclama Rubens Mauro Thommem, 63, aposentado.O movimento, segundo Janaína Michiura, 37, que trabalha na região, começou no início do ano, quando seguranças ficavam na casa. Depois, não se viu mais ninguém. Há alguns dias, uma nova movimentação de pessoas foi percebida. “Disseram que está para começar a fazer a obra”, comenta. Na manhã de ontem, uma equipe da Archaios Engenharia estava no terreno. O engenheiro civil Nilson José Duarte explicou que hoje iniciam os trabalhos para a estabilização da estrutura e a instalação do canteiro de obras.
“Vamos estabilizar para ver o estado em que ela ficou após ruir. Depois, vamos ver o que será reaproveitado para colocar nas baias e, posteriormente, fazer o restauro”, explicou. O profis-sional frisa que todas as ações são acompanhadas por um profissional arqueólogo. Empresário Demostenes de Carvalho, 66, tem esperança que os trabalhos sejam realmente executados. “Tem que pegar para fazer e levar a sério”. A preocupação do advogado Marcio Sales de Freitas, 45, é com a destina-ção do imóvel, já que terá alto investimento.