Socialização e Educação.
terça-feira, 29 de outubro de 2024, 15h59
É na infância que a criança terá o primeiro contato com a socialização. E, inicialmente esse processo começa com os pais, irmãos e familiares próximos. E, quando atingem a idade escolar, a socialização é então potencializada.
Socialização e Educação.
Resumo. É na infância que a criança terá o primeiro contato com a socialização. E, inicialmente esse processo começa com os pais, irmãos e familiares próximos. E, quando atingem a idade escolar, a socialização é então potencializada. Com advento da pandemia de Covid-19, depois da prática do ensino remoto, foi possível destacar o quão é fundamental a escola para o processo de socialização dos discentes.
Palavras-chave: Socialização. Escola. Educação Infantil. Direito Fundamental. Família.
Indubitavelmente, o papel da escola como agente facilitador da socialização dos aprendentes. Na escola passarão compreender as formas de socialização o que é determinante para o desenvolvimento cognitivo, na identificação de quais valores e aprendizagens de caráter social.
Reconhece-se que há dificuldade de socialização na educação, notadamente, na educação infantil, lembrando-se que a socialização é processo interativo, com importância no desenvolvimento infantil, através do qual a criança de forma recíproca satisfaz suas necessidades propagando o desenvolvimento para os demais.
Ressalte-se ainda o papel da escola junto com a família no processo de socialização da criança, sendo uma função fundamental para o desenvolvimento de capacidades cognitivas, ajudando a criança a entender e interagir no mundo social.
Há uma mudança significativa foi o avanço tecnológico no meio de comunicação que interfere na socialização dentro das famílias repassando ainda maior responsabilidades para as escolas.
É na escola que se constrói parte da identidade de mundo; nesta a criança adquire os princípios éticos e morais para serem aplicados no convívio social, nesta, é onde surgem as principais dúvidas, interações, inseguranças e ideologias em relação ao futuro.
Socialização é um processo internalizado no sistema ensino-aprendizagem ao longo de todo ciclo vital. Além de tudo, é o caminho necessário em que aprendemos as características de viver em um meio comum, ou seja, na sociedade.
Entretanto, entendemos como um método pelo qual o indivíduo é incluído nas relações sociais e de coletividade que o envolve num todo, desde seu nascimento até o final de sua vida.
A socialização busca adaptar os hábitos, necessidades e interesses, se o processo for atribuído de forma igualitária a todos, certamente os hábitos de propagação de valores serão os mesmo. No entanto, os primeiros conflitos ocorrem ao deparar com algo diferente imposto na sociedade contraditório ao que o indivíduo considera como errado.
O sociólogo Émile Durkheim, um dos teóricos mais conceituados na referência de socialização mediante a educação citou: “A sociedade só pode viver se existir uma homogeneidade suficiente entre seus membros; a educação perpetua e fortalece esta homogeneidade gravando previamente na alma da criança as semelhanças essenciais exigidas pela vida coletiva”. Durkheim (2011).
Ou seja, a educação ajuda a reduzir o egoísmo e a individualidade, preparando a criança para o desenvolvimento do bem estar de um grupo de convivência.
Portanto, a socialização é a construção do ser social, feita em boa parte pela educação; é a percepção do ser humano de uma sucessão de normas e princípios, sejam morais, religiosos ou de comportamento, que indica a conduta do indivíduo num grupo. Essa concepção coletiva torna o indivíduo sociável capaz de aprender hábitos e costumes para conviver com os demais.
A primeira interação social começa ao nascer com os membros da família e na escola enquanto instituição passa a gerar os alicerces de afetividade e responsabilidades de responder posteriormente as exigências básicas da criança ao longo do seu desenvolvimento, transmitindo valores e saberes de geração para geração.
A função da família na socialização Piletti (1986) “sendo a família o primeiro grupo pelo qual a criança convive, é na família que ela vai assimilar os padrões e valores que a transformarão em uma pessoa adulta.
A família é a primeira agência educadora da criança”. O doutrinador salienta a importância da família nessa etapa, pois a criança aprende sua primeira língua e começa o comportamento moldado pela familiaridade; esses meios sociais são caracterizados pela cultura e de estruturas sociais.
Sublinhe-se que não nascemos com nossa cultura internalizada pois a constituição da cultura enquanto a socialização acontece no convívio diário da criança na comunidade que ela está inserida, que possui conceitos definidos para compreender sua vida e interagir com os demais membros de sua sociedade.
Essa aprendizagem quotidiana torna-se responsável pelo aprendizado do novo membro social e exercerá grande influência sobre o seu comportamento.
Apesar de o processo de socialização comece na infância, não termina na vida adulta, pois as etapas da vida humana passam por diferentes experiências. No ciclo vital passamos pelo mundo de pessoa e gerações distintas.
No entanto, mudamos de comportamento inúmeras vezes e a compreensão de mundo induzindo a visão de mundo ter múltiplos focos, o indivíduo entrará em contato com vários contextos e interpretações significativas do meio social.
Entretanto, essa primeira interação social que acontece logo ao nascer é classificada como primaria, diante da classificação de socialização entre primaria e secundaria definida.
Os processos de socialização estimulam os homens aprenderem condições de viver em sociedade. A socialização, portanto, induz a compreensão do mundo dito como social, a socialização primária é a primeira socialização via família, tornando o indivíduo membro da sociedade e posteriormente incluído a outros processos formando então a socialização secundaria.
A socialização primária é considerada o alicerce para a eficácia da secundária; a criança entra em contato com situações sociais ao qual leva as características de comportamento particular de cada um, formando os estereotipo dos grupos sociais:
O mundo social é “filtrado” para o indivíduo por meio dessa dupla seletividade. Assim, a criança das classes inferiores absorve uma perspectiva própria a sua classe sobre o mundo social, mas segundo uma coloração idiossincrática dada por seus pais (ou por qualquer indivíduo que se ocupe de sua socialização primária).
A mesma perspectiva própria às classes inferiores pode provocar uma atitude de aceitação de seu destino, de resignação, de ressentimento amargo ou de revolta febril.
Consequentemente, a criança das classes inferiores acabará não somente por habitar em um mundo muito diferente daquele das classes superiores, mas também por se diferenciar de seu vizinho que pertence, no entanto, à mesma classe que ele (BERGER; LUCKMANN apud HAECHT, 2008).
Com Piletti(1986), define processos sociais na educação: “Processos sociais são os mecanismos através dos quais se dá a interação entre indivíduos e grupo, na vida social”. A interação social ocorre por intermédio da competição, conflitos, cooperação, acomodação e assimilação.
Quando associamos esses processos sociais na sala de aula verificamos que individualmente são todos benefícios para a socialização. Dentre eles a cooperação é o mais auxilia no processo de interação educacional, contribui para o convívio com o outro, valorizando a harmonia, coletividade e o interesse individual.
Conceitua-se a educação como “uma atividade mediadora no seio de uma prática social global” (SAVIANI apud LOPES, 1995). A mediação ocorre nas trocas de relações que acontecem no âmbito da convivência e do cotidiano, a escola serve como intermédio entre a afetividade e os conflitos nos meios sociais; para adquirir sucesso no resultado o ambiente escolar tem que exercer um papel neutro, ser realmente um espaço de socialização no processo de construção do conhecimento e da cidadania.
A escola tem o papel emergente para o indivíduo e seu desenvolvimento, além de contribuir para a prosperidade da sociedade e da humanidade. E, ao mesmo tempo, encontram um desafio grande que seria preparar professores, alunos e pais para as mudanças rápidas que acontecem no mundo e os conflitos entre pessoas.
Na escola, o aluno passa por práticas que são os momentos e atividades feitas de forma pedagógica com objetivos que estabelecem na interação com o ambiente social. O principal momento de socialização no contexto escolar acontece na hora do intervalo e do lanche, pois proporcionam objetivos de convivência em grupo e a incorporação na coletividade.
Embora a escola tenha grande importância no processo de socialização é necessário que a família tenha desempenho seu papel na iniciação do desenvolvimento social.
Como destaca Dessen e Polonia (2007), “Os laços afetivos, estruturados e consolidados tanto na escola como na família permitem que os indivíduos lidem com conflitos, aproximações e situações oriundas destes vínculos, aprendendo a resolver os problemas de maneira conjunta ou separada”. Percebe-se que a escola oferece abertura que exercita o desenvolvimento social e afetivo distinto do ambiente familiar.
A prática social está diretamente ligada à prática educativa e dessa forma a escola se torna realmente mediadora na utilização de suas atividades para que todos integrem ao meio social.
Entretanto, no mesmo contexto Duarte (1987). “A contribuição da prática educativa escolar torna-se desse modo, tanto eficaz quanto mais se consegui efetuar os elementos para vincular a sociedade e escola”.
Assim, a escola atual é direcionada a gerações novas com finalidade de mostrar aos seus alunos o conteúdo e atividades que auxiliam a formação moral e o desenvolvimento do individuo como cidadão.
A socialização nas escolas entra na categoria de secundaria, pois é o processo que introduz o indivíduo já socializado na família de frente a novas realidades sociais fora do ambiente de casa, ao chegar ao mundo escolar à criança depara-se com situações diferentes do que a mesma estava acostumada, são condições e expectativas em que ela terá meios emocionais para enfrentar e relacionar.
Na escola a criança participa de forma ativa do processo de socialização com qualidade, internalizando conteúdos, modo de comportamento e valores sociais.
Será sujeitado a procedimento de internalização da realidade de suas vidas pela mediação dos professores. Devido à participação e a importância da mediação dos professores como figuras ímpares no processo socialização é preciso recriar e repensar na metodologia mais eficaz para auxiliar.
Diante desses problemas no desenvolvimento socioeducativo, admitimos que a psicologia esteja em parceria com a pedagogia aliados dentro do ambiente escolar contribuindo e auxiliando em todos os aspectos relevantes à socialização da criança, além de solucionar problemas emocionais vinculados a família trazida para dentro da escola.
Portanto, a forma de condução dentro e fora de sala de aula os professores como agentes socializador, acredita-se que outras ciências auxilie os mesmos no processo educação na socialização.
É oportuno lembrar, que a socialização é um processo contínuo na vida dos seres humanos, é através dela que aprendemos a viver coletivamente e entender as relações sociais.
A socialização faz parte do desenvolvimento de ensino-aprendizagem, auxiliando ao longo de problemas quotidiano escolar e de convívio, o fortalecimento das relações interpessoais e a homogeneidade.
Nesse sentido, a socialização constrói o ser social através educação, adequando o ser humano as normas e princípios éticos e morais impostos na sociedade.
Cogita-se assim que as crianças internalizam expectativas sociais referentes ao gênero, cultura e ambiente familiar; ao chegar universo escolar começam a trabalhar as igualdades que ajudam a quebrar paradigmas com as brincadeiras coletivas de forma lúdica e natural, evoluindo e ajustando-se as experiências no dia a dia.
Conclui-se que a escola é uma instituição social com finalidade de perpetuar conhecimento para contribuições sociais, promovendo a aprendizagem e desenvolvendo o cognitivo; ou seja; é nela que aprendemos a ler, escrever, conhecer e respeitar pessoas.
Referências
-DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. Tradução de Stephania Matousek Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
-GOMES, Jerusa Vieira. Socialização Primária: Tarefa Familiar? n.91, p. 54-61. São Paulo, novembro de 1994.
-HAECHT, Anne Van. Sociologia da Educação: a escola posta à prova. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2008.
-PILETTI, Nelson. Sociologia da Educação. São Paulo: Ática, 1986.
Sobre os autores: Professora universitária aposentada.
FONTE: JORNALJURID