Acesso à cidadania transforma realidade de indígenas durante a Expedição Araguaia-Xingu
por Vitória Maria Sena
terça-feira, 07 de outubro de 2025, 15h23

O brilho no olhar do professor indígena Aldo Waamate Tseredzedze traduzia o significado da manhã de sábado, dia 4 de outubro, para a comunidade de São José do Couto, distrito pertencente ao município de Campinápolis. Ele e outros moradores da etnia que vivem na região enfrentam grandes desafios para conseguir algo que, para muitos, parece simples: tirar o primeiro documento de identidade do filho.
“A gente veio aqui para tirar o primeiro RG, porque é difícil levar para outro lugar. Então, esse mutirão é muito bom para fazer o que a gente precisa”, contou Aldo após o atendimento.
Entre sorrisos e cansaço, o professor explicou que o acesso à documentação é um passo importante para garantir direitos e reconhecimento. “A gente busca o serviço em todo lugar, e essa expedição é importante porque traz para a gente. Isso é importante como um diamante”, comparou.
A confecção de documentos faz parte da 7ª Expedição Araguaia-Xingu, realizada pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). O projeto leva cidadania, acesso à Justiça e serviços essenciais a comunidades de difícil acesso.
Além da carteira de identidade, o professor indígena ainda aproveitou os serviços de oftalmologia e outros atendimentos à saúde também ofertados durante a Expedição.
Justiça que alcança a todos

O coordenador da Justiça Comunitária do TJMT e responsável pela Expedição, juiz José Antonio Bezerra Filho, destacou que o alcance às populações indígenas representa uma das maiores conquistas do projeto.
“A Expedição Araguaia-Xingu superou e está superando ano a ano todos os desafios. Entre eles, o de levar a Justiça até a população indígena. Aqui estamos no Baixo Xingu, e essa população carece de muitas fontes de acesso. Hoje temos a Justiça Federal, procuradores da República e defensores públicos da União atuando junto conosco. A cidadania envolve tudo isso e é gratificante ver essa sensibilidade com a população indígena sendo colocada em prática”, ressaltou o magistrado.
A atuação conjunta dos órgãos públicos e parceiros vem garantindo que comunidades historicamente afastadas dos centros urbanos possam resolver pendências, obter informações e assegurar seus direitos.
Documentos que mudam vidas
Segundo a papiloscopista Joselaine Duarte Gonzaga, da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), a emissão da Carteira de Identidade Nacional (CIN) representa muito mais do que um documento.
“Essa confecção é levar a cidadania para o pessoal, que aqui são pessoas mais vulneráveis e muitas vezes não têm condições de ir até Campinápolis. A CIN integra todas as informações importantes e é uma forma de facilitar o acesso aos benefícios sociais”, explicou.
Para ela, o sentimento é de missão cumprida, pois “cada documento entregue representa um nome reconhecido, uma identidade registrada é um direito garantido”. A expectativa da Politec é emitir cerca de 200 documentos nos quatro dias da Expedição. Durante os atendimentos, a Politec conta com o apoio de servidores da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), que realizam a coleta das digitais e capturam as fotos que serão usadas nos novos documentos.
7ª Expedição Araguaia-Xingu

Na primeira etapa, os atendimentos ocorrem de 3 a 10 de outubro no Distrito São José do Couto, localizado em Campinápolis, e no município de Bom Jesus do Araguaia. Em seguida, de 3 a 14 de novembro, as ações serão realizadas na Agrovila Jacaré Valente, em Confresa, no Distrito Espigão do Leste, em São Félix do Araguaia, e no Distrito de Veranópolis, também em Confresa.
Parceiros
Compõem a lista de parceiros e instituições participantes a Casa Civil, a Proteção e Defesa Civil, a Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel) — nas áreas de Cultura e Esporte —, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio do programa Imuniza Mais, e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
Integram ainda o grupo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), o Juizado Especial Volante Ambiental (Juvam), o Programa Verde Novo, a Companhia de Polícia Ambiental de Tangará da Serra, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, o Detran-MT, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a Polícia Judiciária Civil (PJC), o Exército Brasileiro e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
Somam-se aos parceiros a Defensoria Pública de Mato Grosso, o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), o Núcleo Gestor da Justiça Restaurativa (Nugjur) do TJMT, a Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), a Caixa Econômica Federal, a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), a Receita Federal, a Aprosoja e a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
A relação de colaboradores contempla também a Energisa, as Prefeituras de Campinápolis e de Bom Jesus do Araguaia, além do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que realizará atendimentos no município de Bom Jesus do Araguaia.
Confira as fotos da Expedição no Flickr do TJMT
Vitória Maria Sena / Foto: Josi Dias
Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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