Testes de penetração simples não são mais suficientes para identificar falhas em sistemas e redes.
terça-feira, 22 de julho de 2025, 17h46
Durante anos os testes de penetração se consolidaram como um dos principais recursos para identificar falhas em sistemas e redes, mas o surgimento dos ataques APT (Advanced Persistent Threats) mudaram este cenário ao superar esta metodologia e se transformar num dos maiores desafios para a segurança corporativa.
Essa mudança ocorreu porque, diferente dos ataques tradicionais identificados pelos testes de penetração, os APTs são sofisticadas, persistentes e geralmente conduzidos por grupos altamente especializados, que exploram múltiplas vulnerabilidades ao longo do tempo, muitas vezes combinando engenharia social, malware avançado e movimentação lateral na rede.
Este tipo de combinação consegue superar os testes mais comuns pelo fato de que eles apenas simulam ataques pontuais, com escopo limitado e duração pré-definida. Em contraste, um APT age de forma contínua e silenciosa, muitas vezes por meses ou anos, adaptando suas técnicas conforme a detecção evolui.
Outra característica vantajosa para os APTs é a capacidade de exploração de falhas humanas, processos internos frágeis e abusos de credenciais — aspectos que um teste de penetração tradicional, focado apenas em vulnerabilidades técnicas, dificilmente consegue cobrir em profundidade.
Recentemente uma dessas falhas proporcionou, por exemplo, o golpe aplicado no sistema de interconexão do PIX, operado pela C&M Software, que gerou prejuízos da ordem de R$ 1 bilhão. Pelo que as investigações revelaram, os fraudadores conseguiram acesso aos ambientes protegidos cooptando um funcionário da organização que tinha acesso fácil às senhas e demais códigos de proteção.
Este cenário condiciona a tarefa de se proteger atualmente a uma abordagem mais abrangente que exige ferramentas de monitoramento contínuo, análises comportamentais, threat hunting ativo, simulações de ataque persistente (como Red Teaming) e uma forte postura de segurança baseada em inteligência.
Essas práticas permitem detectar atividades anômalas em tempo real, responder rapidamente e reduzir a janela de exposição antes que um atacante consiga comprometer ativos críticos.
Isto não significa que os testes de penetração deixaram de ser importantes para medir o nível de exposição em um determinado momento. A nova realidade implica em reconhecer apenas que eles já não são suficientes para conter ameaças avançadas.
O cenário atual demanda uma visão contínua, integrada e baseada em inteligência para proteger as organizações contra os ataques mais sofisticados e persistentes.
Casos como o da C&M e os vários outros que surgem todos os dias na imprensa especializada mostram que os APTs evoluíram a um nível que ninguém mais pode ter dúvida.
Ou seja; qualquer empresa com ativos críticos ou informações estratégicas que justifiquem financeiramente ser alvo de um APT, não pode mais confiar apenas em testes de penetração tradicionais.
A segurança não pode mais ser vista como um checklist pontual, mas como um processo vivo e dinâmico e tão estratégico quanto qualquer outra área vital do negócio.
Fonte: Crypto ID: Informação Estratégica sobre Cibersegurança