Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

IA e os impactos jurídicos

Inteligência Artificial e Direito: como as máquinas estão impactando decisões jurídicas

sexta-feira, 19 de setembro de 2025, 09h05

O avanço da Inteligência Artificial (IA) está provocando transformações profundas no cenário jurídico, consolidando-se como um tema central na área, o que é especialmente relevante para quem, como você, já atua no Ministério Público e está envolvido com estudos sobre IA. O principal impacto reside no uso da IA como ferramenta de apoio à decisão judicial, onde sistemas como o Victor, do STF, utilizam aprendizado de máquina para analisar grandes volumes de processos, classificar repetições e agilizar a triagem.

 

Nesses casos, a máquina não substitui o julgador, mas opera como um agente de eficiência para otimizar a tramitação, reduzir a burocracia e combater a morosidade do sistema de justiça, liberando os operadores do Direito para se concentrarem em questões mais complexas.

 

Além disso, a ascensão da jurimetria — o uso de métodos estatísticos e computacionais para analisar decisões — permite identificar tendências de julgamentos, perfis de magistrados e a probabilidade de êxito em diferentes teses jurídicas. Essa previsibilidade, embora útil para escritórios e empresas jurídicas na formulação de estratégias e acordos, suscita um debate fundamental: a possibilidade de que decisões sejam baseadas excessivamente em padrões estatísticos, comprometendo a singularidade de cada caso e levantando dúvidas sobre a neutralidade dos algoritmos utilizados.

 

O uso crescente da IA no Direito impõe sérios desafios éticos e jurídicos. A questão da transparência é crítica, já que muitos algoritmos funcionam como "caixas-pretas" que não revelam o exato caminho lógico para suas conclusões, dificultando a contestação e a fiscalização. Soma-se a isso o risco de discriminação algorítmica, onde a IA, se treinada com dados enviesados, pode reproduzir ou intensificar preconceitos, afetando a isonomia processual.

 

Por fim, o desafio da responsabilização em caso de erro algorítmico permanece uma incógnita, exigindo que o Direito atue como instrumento regulador para estabelecer normas. O surgimento de legislações como a LGPD no Brasil e o AI Act na União Europeia demonstra a urgência de marcos regulatórios que assegurem o uso ético e responsável da tecnologia, reforçando a necessidade de uma formação interdisciplinar para os profissionais do Direito capazes de lidar com as implicações sociais e morais dessa nova era.

 

FONTE: G1

 


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