´Outubro Rosa´ na Alese promove roda de conversa e reforça importância da saúde integral da mulher
quinta-feira, 16 de outubro de 2025, 12h20

Em mais uma ação do “Outubro Rosa”, a Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), por meio da Procuradoria Especial da Mulher (PromuAlese), promoveu nesta quarta-feira (15) uma Roda de Conversa com o tema “Entre o corpo e a mente: conversas de autocuidado”. O evento foi voltado especialmente para as servidoras da Casa e aconteceu no auditório do Sindicato dos Servidores da Alese (Sindalese).
A iniciativa integra a programação da campanha “Outubro Rosa” e teve como proposta promover um momento de acolhimento, escuta, aprendizado e conscientização sobre o câncer de mama, câncer de colo de útero e a saúde mental da mulher, numa perspectiva de cuidado integral. Também foram realizados exames de mamografia, sorteio de brindes e uma ação solidária em prol de pacientes do setor de oncologia do HUSE.
Maria Clara Melo: “Autocuidado não é técnica, é afeto consigo mesma”
A enfermeira Maria Clara em destaque
Abrindo a roda de conversa, a enfermeira Maria Clara Ribeiro Melo convidou as mulheres presentes a refletirem sobre o papel do autocuidado como prática diária e como ferramenta poderosa de prevenção. Segundo ela, o conceito de autocuidado vem sendo cada vez mais valorizado dentro da saúde feminina, substituindo a antiga ideia do “autoexame”, que era cercada de medo e tecnicidade.
“Durante muito tempo, falamos sobre autoexame, e é claro que ele teve sua importância. Mas a verdade é que muitas mulheres deixaram de se tocar por medo, por insegurança, ou porque achavam que estavam fazendo ‘errado’. E esse medo, em vez de ajudar, afastava. Hoje, nós, profissionais da saúde, reforçamos a importância do autocuidado, que é olhar para si com amor, se tocar com leveza, perceber seu corpo com atenção, sem julgamento”, explicou Clara.
Ela também detalhou o papel dos exames complementares como a mamografia, e a importância do rastreamento periódico, especialmente a partir dos 40 anos ou em casos de histórico familiar.
“Os dados mostram: o câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil, mas ele também é o que tem maior chance de cura se detectado no início. E o primeiro passo é se conhecer. Não se trata de ser especialista, trata-se de ser prioridade para si mesma. Quando você percebe qualquer alteração na mama, o ideal é procurar um serviço do SUS, que é porta aberta, tem acesso gratuito e equipes capacitadas. O medo deve nos mover à ação, não à paralisação.”
Andrea Rabelo: “Corpo e emoções caminham juntos. Um cuida do outro”
A psicóloga Andrea Patrícia Rabelo Sousa, que atua no setor de saúde da Alese, trouxe à roda de conversa uma reflexão profunda sobre como a saúde mental impacta diretamente na saúde física e vice-versa. Ela destacou que o emocional da mulher precisa ser fortalecido não apenas no momento do diagnóstico ou tratamento, mas ao longo de toda a vida.
Psicóloga Andrea Rabelo
“O ´Outubro Rosa´ fala de prevenção, de cuidado com o corpo. Mas não há saúde plena se não houver equilíbrio emocional. Nossas emoções estão diretamente ligadas à forma como o nosso corpo reage. Quando estamos felizes, nosso sistema imunológico responde com força. Quando estamos tristes, sobrecarregadas, com ansiedade ou em situações de estresse contínuo, o corpo sente. A saúde integral é essa união: cuidar do corpo e da mente como um todo.”
Andrea também destacou que muitas mulheres, ao serem diagnosticadas com câncer, passam por um luto emocional. A perda de cabelo, a retirada de parte do corpo, a mudança na imagem pessoal afetam a autoestima e a identidade feminina.
“Uma mulher que enfrenta um câncer de mama não lida só com a doença. Ela lida com a dor emocional de ver sua imagem transformada, com o medo da morte, com a angústia da incerteza. Por isso, a psicologia é tão importante nesse momento. O apoio psicológico ajuda a entender essas emoções, a lidar com o medo, a fortalecer vínculos, a resgatar a esperança. Expressar as emoções é parte essencial da cura.”
Maria de Fátima Fontes: “Enfrentei três cânceres e sobrevivi com fé, apoio e vigilância”
Em um dos momentos mais emocionantes do evento, a servidora aposentada Maria de Fátima Fontes compartilhou com as presentes sua história real de superação. Ela foi diagnosticada com câncer de mama por três vezes, sempre na mesma mama, ao longo de quase quatro décadas — em 1985, 2002 e 2022. Sua fala foi marcada por gratidão, fé e uma forte defesa da prevenção.
Maria de Fátima
“Aos 32 anos, fui fazer um preventivo ginecológico comum. E ali, inesperadamente, veio o diagnóstico do primeiro câncer. Era um tumor pequeno, inicial, que pude tratar com tranquilidade. Mas isso me ensinou algo que carrego até hoje: a importância de estar atenta ao corpo, de cuidar da nossa saúde como uma missão pessoal e espiritual.”
Fátima enfatizou que além dos recursos médicos, é o acolhimento emocional e o apoio familiar que sustentam quem enfrenta a doença. E, sobretudo, destacou a fé como base para lidar com o mistério da vida e das doenças.
“Eu não me permiti afundar. A fé foi minha âncora, mas também busquei os melhores médicos, segui todos os tratamentos, cuidei da minha saúde mental. Ninguém enfrenta um câncer sozinha. É a família, os amigos, os profissionais, é essa rede de apoio que sustenta. E por isso, hoje, tenho a responsabilidade de dizer a vocês: cuidem-se. Façam os exames. Se conheçam. A prevenção salva. A negligência, infelizmente, pode custar caro.”
Luana Duarte: “Cuidar das servidoras é uma prioridade da PromuAlese”
A coordenadora da PromuAlese, Luana Duarte, reforçou que o evento é parte de uma política permanente de cuidado com as mulheres da Casa Legislativa. Segundo ela, a ideia foi criar um espaço de acolhimento, escuta e informação, onde as servidoras se sentissem vistas e valorizadas.
Luana Duarte
“O Outubro Rosa é um momento simbólico, mas nosso trabalho acontece o ano inteiro. As servidoras da Alese precisam saber que têm aqui um espaço de apoio, que podem contar com uma rede de cuidado. E nesta edição, quisemos destacar não apenas a saúde física, mas também a saúde mental. Porque muitas vezes, o corpo adoece quando a mente já está sofrendo há muito tempo.”
Ela também destacou a importância de ouvir relatos como o de Fátima: “Quando ouvimos alguém que enfrentou a doença com coragem e fé, entendemos o poder da informação e do acolhimento. Esse evento é mais do que um gesto simbólico, é um chamado à vida, à valorização da mulher em sua integralidade.”
Isabel Matos: “Nosso trabalho é cuidar antes, durante e depois”
A coordenadora do setor de saúde da Alese, Isabel Matos, encerrou o encontro reforçando a estrutura que a Casa oferece às servidoras durante todo o ano. Ela explicou que a Alese conta com atendimento ginecológico, consultas preventivas, exames de rotina e apoio psicológico, e que o Outubro Rosa é um momento de reforçar essa rede de cuidado.
Isabel Matos
“Temos ginecologistas, psicólogos e equipe pronta para acompanhar as servidoras. Durante o “Outubro Rosa”, intensificamos os exames, como ultrassonografias e mamografias no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher – CAISM. Mas nosso trabalho é diário. A prevenção começa no dia a dia. E quando há um diagnóstico, nós damos toda a atenção e acolhimento necessário.”
Isabel ressaltou que a saúde mental também está na linha de frente do cuidado oferecido pela Alese: “Temos profissionais disponíveis para apoiar emocionalmente quem passa por diagnósticos difíceis. O acolhimento é essencial. E nós estamos aqui para garantir que nenhuma mulher enfrente isso sozinha.”
Solidariedade que transforma
Além das palestras e ações de saúde, a roda de conversa também incluiu um momento de solidariedade coletiva, com a arrecadação de itens de higiene pessoal que serão doados ao setor de oncologia do Hospital de Urgências de Sergipe (HUSE). A ação contou com o apoio do Ministério Público de Sergipe e da Escola Superior do MP, e representa a união de instituições públicas em prol de uma causa maior: o cuidado com a vida.
Fonte: Assembleia Legislativa Sergipe