MPGO - DENUNCIA HOMEM POR FEMINICÍDIO EM GOIÂNIA E PEDIDOS DE EXUMAÇÃO DO CORPO DA VÍTIMA E DE PRISÃO PREVENTIVA DO ACUSADO SÃO ACOLHIDOS PELA JUSTIÇA
quinta-feira, 27 de abril de 2023, 10h19
Após denúncia oferecida contra o padeiro Reginaldo Nunes de Moura pelo feminicídio de sua mulher, Juscélia de Jesus da Silva, a Justiça acatou manifestação do Ministério Público de Goiás (MPGO) em requerimento de autoridade policial, decretando a prisão preventiva do réu – Reginaldo estava preso temporariamente. Pedidos do MPGO para exumação do corpo da vítima e diligências complementares também foram deferidas.
O crime foi denunciado pelo promotor de Justiça José Carlos Miranda Nery Júnior na 4ª Vara Criminal de Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri, tendo o juiz Antônio Fernandes de Oliveira já recebido a denúncia. O réu é acusado de homicídio qualificado (artigo 121, parágrafo 2º do Código Penal), de acordo com as seguintes qualificadoras: por motivo torpe, com emprego de asfixia, fazendo uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e por razões da condição de sexo feminino, em contexto de violência doméstica e familiar. Reginaldo Nunes também foi denunciado pela ocultação do cadáver da vítima.
O promotor de Justiça ofereceu denúncia ainda por ter sido configurado o crime de violência doméstica e familiar contra a mulher por qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação (artigo 5º, inciso III da, Lei Maria da Penha).
Denúncia detalha crimes praticados pelo réu
O promotor de Justiça relata que Reginaldo e Juscélia eram casados há aproximadamente 14 anos, viviam na mesma residência, local do assassinato, e tinham uma filha, de 9 anos. Segundo apurado, o casal passava por alguns problemas no relacionamento, inclusive financeiros. A mulher suspeitava que o denunciado vinha ocultando dinheiro e patrimônio deles e, por isso, as brigas e desentendimentos.
Na denúncia, é destacado que as discussões aumentaram após a venda de um carro, o que ocorreu alguns dias antes dos crimes. Verificou-se que o destino do valor resultante do negócio, em torno de R$ 8 mil, gerou conflito, tendo Reginaldo se posicionado contra a pretensão da vítima de usar o dinheiro para quitar uma dívida com uma instituição financeira.
Em 13 de fevereiro deste ano, as discussões avançaram até tarde da noite. Na manhã do dia seguinte, o homem saiu de casa pilotando uma motocicleta, rumo à escola, onde deixou a filha. Ao retornar, encontrou a vítima tomando banho, momento em que retomou a disputa sobre o rumo a ser dado ao dinheiro.
O réu, então, aproveitou-se do momento que a mulher saiu do banho, a agarrou e a asfixiou até a morte. Depois de cometer o crime, ele decidiu dar fim ao corpo da vítima. Para isso, o promotor relata que ele saiu de casa em sua moto, pegou emprestado de seu cunhado um Fiat Palio e voltou para o local do crime.
Em seguida, conforme concluiu o inquérito policial, embalou o corpo em um saco plástico, amarrando-o com cordas e acomodando-o no porta-malas do veículo. Ele, então, seguiu para a Rodovia GO-469, já na zona rural de Abadia de Goiás, e lá deixou o corpo.
Depois disso, passou a encaminhar mensagens do celular da vítima para ele mesmo e outras pessoas, com a intenção de disfarçar os crimes cometidos. Ainda segundo apurado, somente mais tarde, ele avisou aos familiares sobre o suposto sumiço da mulher, levando com ele os R$ 8 mil da venda do carro.
Na tarde de 19 de fevereiro, o corpo de Juscélia foi encontrado. Sabendo disso, Reginaldo, pegou outro carro emprestado, desta vez de uma amiga da vítima, e fugiu, hospedando-se em um hotel à margem da Rodovia GO-070, em Goianira, onde foi preso. (Texto: Cristiani Honório Assessoria de Comunicação Social do MPGO)
FONTE: MPGO