Indicado para comunidades vulneráveis, sensor de baixo custo atesta qualidade da água
por Redação USP
quarta-feira, 04 de setembro de 2024, 13h03

Sensor atende aos critérios da Organização Mundial de Saúde para avaliação de contaminação fecal em água, com desempenho bastante satisfatório – Foto: Divulgação EESC
Países em desenvolvimento, Nepal e Brasil fizeram de um de seus graves problemas sanitários que enfrentam, no caso, a falta de tratamento de água adequado em áreas mais pobres, como em comunidades vulneráveis, a motivação para unir conhecimentos e a ciência em busca de soluções. Com esforços de pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP e do Instituto de Pesquisa de Phutung, no Nepal, foi possível a criação de um sistema de detecção de fluorescência que, sem lentes, por meio de luzes de LED, pode fornecer identificação altamente sensível de microrganismos mortais presentes na água. O projeto, que também conta com a colaboração de pesquisadores da Universidade de York, no Reino Unido, foi publicado recentemente no periódico científico Optica.
“Nosso ponto de partida foi, justamente, a necessidade de se criar soluções viáveis, ou seja, mais rápidas, baratas e portáteis, para o monitoramento da qualidade da água onde as comunidades vulneráveis vivem. Um dos grandes problemas é que os métodos tradicionais, lentos e caros, raramente podem ser feitos nesses locais, o que resulta na ingestão de água imprópria e suas consequências, com doenças e mortes, muitas delas de crianças, todos os anos”, explica Emiliano Martins, professor do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da EESC e um dos participantes do projeto. “O foco crucial da pesquisa, então, foi criar tecnologias que permitissem esse monitoramento constante da água, elemento básico para consumo humano, mitigando riscos dessas doenças”.
O trabalho contemplou o desenvolvimento de um novo fluorômetro de monitoramento de água e que, mesmo sem usar qualquer tipo de lente, o que o torna mais leve, menor e mais barato, é capaz de detectar proteínas fluorescentes de bactérias na água até níveis de menos de uma parte por bilhão, o que atende aos critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) para avaliação de contaminação fecal em água potável, com desempenho bastante satisfatório. Para substituir a lente, o instrumento desenvolvido pelos pesquisadores usa uma fonte de luz de LED que excita as moléculas-alvo das bactérias na amostra de água.
“As moléculas absorvem a energia da luz, perdem parte dela como calor e emitem o resto da energia por meio de luz de menor energia. A absorção e a emissão dependem da configuração eletrônica das moléculas-alvo”, descreve Martins. A quantidade de luz emitida é medida usando um detector para quantificá-las, o que nos permite inferir a presença da bactéria na amostra”.