Ministério Publico do Estado de Mato Grosso

A restauração florestal está em alta, mas a biodiversidade não

por Mongabay

quarta-feira, 30 de abril de 2025, 14h20

 

Um gráfico mostrando diferentes métodos de restauração e reflorestamento, cortesia de Brancalion et al.

 

Os esforços globais para restaurar florestas estão ganhando força, impulsionados pelas promessas de combate às mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e melhoria dos meios de subsistência. No entanto, uma revisão recente publicada na Nature Reviews Biodiversity alerta que os ganhos em biodiversidade dessas iniciativas são frequentemente superestimados — e, às vezes, completamente inexistentes.

 

A restauração florestal está no centro da Meta 2 do Quadro Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, que visa colocar 30% dos ecossistemas degradados sob restauração efetiva até 2030. Mas a lacuna entre ambição e resultado é grande.

 

“A biodiversidade continuará sendo uma palavra de ordem vaga e não um resultado real”, a menos que os projetos a priorizem explicitamente, alertam os autores, liderados por Pedro Brancalion, pesquisador da Universidade de São Paulo.

 

A restauração normalmente prioriza objetivos utilitários, como produção de madeira, sequestro de carbono ou controle da erosão. Esse viés se reflete no uso generalizado de plantações de monoculturas ou agroflorestas de baixa diversidade. Quase metade dos compromissos florestais do Desafio de Bonn para restaurar paisagens degradadas e desmatadas consiste em plantações comerciais de espécies exóticas, uma tendência que corre o risco de minar a biodiversidade em vez de aprimorá-la.

 

Evidências científicas mostram que restaurar a biodiversidade exige mais do que plantar árvores. Métodos como a regeneração natural — permitindo que as florestas se recuperem por conta própria — podem frequentemente gerar resultados superiores em termos de biodiversidade, embora enfrentem barreiras sociais e econômicas. Em contrapartida, plantar algumas espécies de crescimento rápido pode sequestrar carbono rapidamente, mas oferece pouco para plantas e animais ameaçados.

 

A recuperação da biodiversidade é influenciada por muitos fatores: a intensidade do uso anterior da terra, a paisagem circundante e as espécies escolhidas para restauração. A recuperação é lenta, frequentemente medida em décadas, e tende a ser mais lenta para espécies raras e especializadas. De forma alarmante, a maioria dos projetos interrompe o monitoramento após apenas alguns anos, muito antes da estabilização dos ecossistemas.

 

No entanto, os autores afirmam que há motivos para otimismo. Os mercados de biodiversidade, incluindo os novos esquemas de créditos de biodiversidade e créditos de carbono com salvaguardas para a biodiversidade, poderiam mobilizar novos financiamentos. Enquanto isso, tecnologias como amostragem de DNA ambiental, bioacústica e sensoriamento remoto prometem aprimorar o monitoramento em larga escala.

 

Para transformar boas intenções em realidade, argumenta o artigo, os projetos devem definir metas explícitas de biodiversidade, selecionar métodos adequados e comprometer-se com o monitoramento de longo prazo. A equidade social também deve ser central.

 

“Melhorar os resultados da restauração florestal em termos de biodiversidade… poderia contribuir para mitigar assimetrias e desigualdades de poder”, escrevem os autores, citando exemplos de Madagascar e do Brasil.

 

Se bem planejada, a restauração florestal poderia ajudar a enfrentar a crise dupla da perda de biodiversidade e das mudanças climáticas. Mas, sem uma mudança deliberada, bilhões de dólares correm o risco de serem gastos em projetos que plantam árvores — e pouco mais.

 

Fonte: https://news.mongabay.com/short-article/2025/03/forest-restoration-is-booming-but-biodiversity-isnt/

 

*Tradução automática


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