Nadar no Rio Sena? Sim, tá liberado!
quinta-feira, 11 de setembro de 2025, 14h23
Depois de mais de 100 anos, o rio que corta Paris está aberto para quem quer nadar ou se refrescar – uma inspiração para outras cidades
Um rio é um organismo vivo gigante, composto por muitas formas de vida. Recuperar a saúde destes grandes cursos d’água não é uma tarefa simples – e nem rápida. Por isso, quando um rio que foi poluído pela humanidade volta a ser limpo e seguro, é preciso celebrar sua volta. E foi isso que centenas de pessoas fizeram ao mergulhar no Rio Sena, que atravessa Paris, capital da França. Depois de mais de um século, a proibição de nadar no foi suspensa e as pessoas puderam novamente mergulhar nas famosas águas parisienses.
O escritório oficial de turismo da cidade garante que 11 áreas do rio estão sendo reabertas para natação. Três dessas áreas estão ao longo do Sena: uma em Bercy, no 12º arrondissement, que inclui duas piscinas e uma praia; uma no 4º arrondissement, em Bras Marie; e a terceira em Bras de Grenelle, no 15º arrondissement, em frente à Estátua da Liberdade de Paris.
As áreas de natação são supervisionadas, têm acesso gratuito e devem receber até mil nadadores por dia até o final de agosto, informou o The Guardian. Além da presença de guarda-vidas, os espaços de natação têm vestiários, chuveiros, móveis de praia e espaço suficiente para cerca de 300 pessoas se deitarem em toalhas e aproveitarem o sol à beira do rio.
Para garantir a segurança de quem mergulha no rio, serão realizadas verificações sanitárias diárias. Uma destas verificação, realizada no dia 6 de julho, determinou um fechamento temporário de área para natação, após uma chuva. A água da chuva aumenta o nível do rio e também pode trazer águas poluídas e riscos bacterianos ao Sena.
Um longo caminho
O movimento para reverter a proibição começou inicialmente na década de 1980 com o então prefeito e depois presidente francês Jacques Chirac. Desde então, a cidade tem trabalhado para conectar milhares de casas a um sistema de esgoto aprimorado, além de melhorar as estações de tratamento de águas residuais e aumentar o armazenamento de águas pluviais para minimizar o risco de transbordamentos de esgoto.
Além de tempo, a liberação do Rio Sena para natação envolveu determinação política e investimentos. Foram cerca de de € 1,4 bilhão para limpar o rio e melhorar a infraestrutura de águas residuais a tempo para as Olimpíadas de Verão de 2024.
E houve muitos problemas no caminho. Apesar dos esforços para melhorar a qualidade da água a tempo para os eventos olímpicos, a poluição levou ao cancelamento da Copa do Mundo de Natação em Águas Abertas . Muitos nadadores que participaram de eventos olímpicos no Rio Sena, adoeceram depois – mas, segundo jornalistas do Today, a relação entre as doenças e qualidade da água não foi comprovada.
Apesar da liberação, muitas pessoas ainda têm receio de mergulhar nas águas do Sena. Em entrevista à Associated Press News, François Fournier, que mora perto do rio, disse que prefere não arriscar. “Já vi coisas que você nem imagina flutuando no Sena, então vou esperar até que ele esteja completamente limpo.”
Mas, especialmente com a onde de calor na França e em grande parte da Europa, muita gente está aproveitando a liberação para finalmente nadar no Rio Sena. Um mergulho em um rio é realmente maravilhoso, uma maneira de se conectar à natureza e, quando isso acontece dentro de uma grande cidade, parece ser ainda mais especial.
Amine Hocini foi uma das pessoas que teve essa experiência. “É tão bom nadar no coração da cidade, especialmente com as altas temperaturas que temos tido ultimamente. Estou surpreso porque pensei que seria mais frio e, na verdade, está muito mais quente do que eu imaginava”, contou ele à Associated Press.
Quer ver como foram os mergulhos e braçadas no Sena? Veja as imagens do vídeo abaixo:
Nota do CicloVivo
O cuidado de Paris com a qualidade de vida da população e com a preservação ambiental dentro da cidade inclui uma série de ações, além da despoluição do Rio Sena. A cidade ganha cada vez mais áreas verdes, prioriza os espaços para pedestres e ciclistas e busca nas Soluções Baseadas na Natureza as respostas para os desafios de uma vida saudável e feliz em grandes centros urbanos.
Os resultados estão aparecendo e essa postura de administração pública parisiense pode servir de inspiração e exemplo para prefeituras de cidades brasileiras e de outros países no mundo. Recentemente, os vereadores da a Frente Parlamentar de Direito à Cidade Sustentável: Enfrentamento e Adaptação Climática, Marina Bragante (Rede), Renata Falzoni (PSB) e Nabil Bonduki (PT) aprovaram um projeto de vagas verdes para São Paulo, inspirado na iniciativa de Paris em trocar vagas para automóveis por espaços verdes para as pessoas.
Fonte: Ciclo Vivo