TJMA: ESMAM apoia ações de projeto que leva consciência e proteção a adolescentes
terça-feira, 25 de novembro de 2025, 12h42
A Escola Superior da Magistratura (ESMAM) é uma das entidades que integra a rede de apoio ao Programa Iyá no lançamento do “Sementes de Proteção – Cartas que Salvam Caminhos”, iniciativa inédita que integra oficialmente a campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Com o apoio institucional da ESMAM e a atuação direta da Defensoria Pública do Estado, o projeto amplia seu alcance para além das fronteiras nacionais e será apresentado também a escolas de outros países da América Latina.
Também apoiam a iniciativa a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP), Unidade de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (UMF-TJMA), Escritórios Sociais e Instituto Mulheres do Brasil.
A ação reúne mulheres egressas do sistema prisional para escrever cartas protetivas destinadas a adolescentes de 14 a 18 anos. As mensagens tratam de afeto, autocuidado e sinais de alerta frente a comportamentos abusivos que, muitas vezes, surgem ainda na adolescência — manipulação emocional, controle, ciúme, isolamento e outras formas sutis de violência.
ESCUTA ATIVA E JUSTIÇA RESTAURATIVA
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2023), 34% das vítimas de violência sexual no país têm entre 10 e 14 anos, e 60% têm menos de 18. O UNICEF (2021) lembra que é justamente na adolescência que se iniciam muitos dos ciclos de violência de gênero, frequentemente invisíveis a escolas, famílias e instituições.
O projeto nasce da metodologia de escuta ativa e justiça restaurativa que marca o Programa Iyá, construída sobre narrativas reais compartilhadas em espaços seguros. Agora, com o apoio da ESMAM e a participação essencial da Defensoria Pública, essas histórias ganham novo alcance — e novo propósito.
POTÊNCIA COLETIVA
A juíza Mirella Cezar, coordenadora do Iyá, destaca que transformar vivências em proteção cria um gesto de potência coletiva.
“As mulheres do Iyá carregam um conhecimento que não está nos livros, mas na vida. Elas sabem onde a violência começa, porque muitas vezes ela começou quando ainda eram meninas. Quando transformam suas histórias em cartas, elas não revivem a dor: elas a ressignificam. E, ao fazer isso, protegem outras meninas antes que a violência chegue primeiro”, reforça a magistrada.
Mirella Cézar ressalta que, com a união entre ESMAM, Defensoria Pública e as mulheres do Iyá, essas sementes de proteção agora atravessam fronteiras — e tocam futuros.
Já a Defensoria Pública assume papel central na articulação e condução do projeto, especialmente por meio da defensora pública Suzana Camillo, também coordenadora do Programa Iyá, que reforça o caráter transformador e continental da ação. “Quando uma mulher que viveu violência escreve para uma menina, ela rompe um ciclo. Essas cartas carregam a força de quem sobreviveu e escolheu transformar sua experiência em proteção", avalia.
Agora, queremos que essa potência alcance não apenas meninas brasileiras, mas também adolescentes de outros países da América Latina. É uma política pública viva, feita por mulheres reais, que alcançará meninas reais. Isso é Justiça. Isso é reparação. Isso é futuro”, afirma Suzana Camillo.
Além de proteger adolescentes, o projeto também promove impacto restaurativo para as mulheres do Iyá: a escrita organiza emoções, ressignifica traumas e fortalece vínculos consigo mesmas — processo amplamente estudado por pesquisadores como James Pennebaker (2018).
AGENDA 2030
O Sementes de Proteção dialoga com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 (ODS 4, 5, 10 e 16) e prevê entrega das cartas acompanhada de rodas de conversa e atividades educativas sobre segurança emocional e autoestima, em escolas brasileiras e latino-americanas.
O cronograma avança com apoio da ESMAM e da Defensoria Pública: sensibilização em novembro, redação das cartas até 29/11 e atividades educativas em dezembro. Todas as orientações priorizam linguagem ética, cuidado emocional e foco em mensagens reais, acolhedoras e esperançosas.
O Programa Iyá sintetiza bem a força da iniciativa: “Uma carta pode não mudar o mundo inteiro, mas pode mudar todo o mundo de uma menina.”
FONTE: TJMA